segunda-feira, dezembro 29, 2008

Coisas que eu li


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“O reduzido público leitor português (…) não perde pitada dos livros que lhe expliquem brevemente o que é isto, porque é que é isto, e como vai ser isto. Em todo o caso, isto. E se juntar à informação que pretende o quanto-baste de escândalo ou de humor, melhor. Às vezes, o riso, mesmo entre as quatro paredes do quarto em que se lê, é tragicamente a única possível forma de defesa. Ou de tendencial ataque.”
(excerto de texto de PEDRO TAMEN enviado para publicação no EXPRESSO de 29 de Dezembro de 1973, mas que o risco azul censório de um abjecto “exame prévio” censurou, sem dó nem piedade. Rubrica “O que a censura cortou”.
EXPRESSO, 27 de Dezembro de 2008)
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“O olhar sábio e penetrante do falecido escritor Manuel Vásquez Montalbán ajudou a dar peso intelectual ao discurso e uma qualidade mitológica ao Barcelona, definindo-o como «exército desarmado da Catalunha». Cada artigo seu agigantava o poder simbólico do clube.”
(JORGE VALDANO. Crónica “No princípio era a bola”.
A BOLA, 27 de Dezembro de 2008)

“Já não se trata de discutir se a RTP, canal "generalista" idêntico aos piores, presta o célebre "serviço público": trata-se de perceber em que medida prejudica a saúde pública. (...) A RTP é uma fonte deliberada e contínua de tortura mental, ainda por cima cruelmente financiada por muitos dos que a sofrem. O facto de semelhante suplício se processar ao abrigo da lei não atenua, antes reforça a crueldade.”
(ALBERTO GONÇALVES. Crónica “Dias contados”.
DIÁRIO DE NOTÍCIAS, 28 de Dezembro de 2008)

“O que se sabe é que Portugal poderá tirar bom proveito do facto de ter construído estádios novos para o Europeu (…) Não haveria outra maneira, outro investimento e outro sector para colocar Portugal no mapa? A resposta histórica é: não. E, como se sabe, apesar dos lobbies de uma cultura de elites pindéricas, a culpa não é, de todo, do futebol.”
(VÍTOR SERPA. Editorial “A questão do Mundial Ibérico”.
A BOLA, 28 de Dezembro de 2008)

“Gostaria que alguém explicasse ao primeiro-ministro, ou que ele percebesse por si mesmo, que o excesso de propaganda, de demagogia e de publicidade enganosa pode ter efeitos contraproducentes, parecidos com os verificados durante a revolução de 1975, que se traduzem no facto de os governantes acreditarem no que eles próprios mandam dizer. De caminho, poderia também compreender que a crispação autoritária não se pode confundir com determinação. Mudasse ele esses atributos, trouxesse ele à vida pública um novo estilo, mais adequado às dificuldades dos tempos, e até talvez voltasse a ganhar as eleições.”
(ANTÓNIO BARRETO. Crónica “Retrato da semana”.
PÚBLICO, 28 de Dezembro de 2008)
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