sexta-feira, agosto 20, 2010

Prazer ou sofrimento?


Pintura de Graça Morais
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"A angústia do tempo perdido". Título do interessante texto de José António Saraiva (JAS) na sua crónica "viver para contar" na revista tabu do semanário SOL.
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A propósito de Graça Morais (GM) e da sua exposição no Palácio Anjos em Algés, JAS remete para extractos de um comentário sobre a artista em projecção permanente no local.
GM refere a certa altura que "só se sente feliz a pintar" e admite que "o acto de criar implica renúncia, exige sofrimento, envolve angústia - mas ao mesmo tempo transmite uma sensação única de plenitude".
Pegando na ideia de GM, JAS escreve: "A actividade criativa - quer se trate de pintar, de escrever ou de projectar um edifício - envolve sempre sofrimento. Escrever um livro, por exemplo, constitui um tormento. Sofre-se a encontrar em cada frase a palavra adequada, a procurar o ritmo certo, a ligar as frases e os parágrafos por forma a que o texto flua e o leitor não tropece. Sofre-se com o enredo e as personagens, com as situações, com os diálogos, com a estrutura e com o equilíbrio disto e daquilo tudo no conjunto. Sofre-se a escrever, a corrigir, a voltar atrás".
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Tenho lido variadíssimos testemunhos de escritores que vão no sentido concordante às palavras hoje publicadas no SOL.
E dei por mim a recordar o que foi o processo que percorri na concepção, pesquisa bibliográfica, redacção e revisão do meu livro "PROVA DeVIDA".
Não fui assolado por angústia, tormento, muito menos sofrimento. Bem pelo contrário. Senti prazer, muito prazer, imenso prazer.
Mas importa fazer uma ressalva. Fundamental. Obrigatória. É que não sou um escritor. Apenas escrevi um livro.
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