quarta-feira, janeiro 05, 2022

Confinar e não votar


 


 

 

 

 

 

 

A pouco mais de três semanas das eleições legislativas, é confrangedor, lamentável, desolador e inconcebível perceber que algumas centenas de milhar de portugueses confinados pelo protocolo COVID estejam na iminência de se verem impedidos de exercer o seu direito constitucional de voto.

 

Era previsível – até pela experiência acumulada nos dois anteriores processos eleitores deste já longo “período COVID” – a necessidade de antecipar o problema, estudá-lo, para melhor encontrar soluções justas e credíveis.

 

Tal não aconteceu. O tempo urge. E não parece que a resposta esteja perspetivada e em vias de execução.

E com isso vencerão os que criticam o imobilismo do nosso Estado, a lentidão da sua modernização, a sua preguiça e repulsa reformista, o seu perfil anquilosado, a sua inércia transformadora. Tenho pena!

 

domingo, janeiro 02, 2022

Lutar (até ao fim)


O jogo desta madrugada (hora portuguesa) nem começou de feição para Chicago, exceto o triplo inicial que colocou os Bulls em posição de vantagem sobre Washington.

A equipa onde em tempos já distantes pontificou Michael Jordan, e que tantos adeptos ainda hoje preserva em Portugal, foi melhorando progressivamente, mas só no derradeiro quarto, a escasso 1:28 do final, logrou voltar a ultrapassar o seu adversário.

A :10.6 do apito final, Chicago estava na frente, mas depois de um desconto de tempo bem produtivo, um triplo de Kyle Kuzma a :03.3, passou o resultado para 117-119, favorável aos Wizards. 

Novo desconto de tempo e sobre a buzina dos :00.0, DeMar DeRozan replicou o seu precedente “inimigo” e colocou o resultado final num equilibradíssimo 120-119, favorável à equipa forasteira.

Foi, como se percebe um final de encontro incrível, digno dos grandes momentos da NBA, ainda na fase regular, com jogos que, apesar da nefasta COVID, se repetem à habitual cadência, mas com elevado índice competitivo e enorme presença de público.

Os Bulls estão bem melhor esta época. São atuais líderes da Divisão Este. Candidatos a algo mais?

A NBA continua pujante. Reinventa-se todos os anos. Recomenda-se.

 

sábado, janeiro 01, 2022

Treze anos depois...


 

 

 

 

 

 

 

 

 

Acabo de reler um texto que publiquei em janeiro de 2008 em www.rostos.pt.

Hoje, primeiro dia de 2022, e prestes a completar 13 anos da sua redação, parece-me que não está particularmente datado e que, a quatro semanas de novo ato eleitoral em Portugal, me apetece aqui e agora reproduzi-lo.

Teve por título “Os caramelos de Ayamonte”. Percebam porquê... mais adiante.

 

“A notícia corria por aí, tímida e insinuante, mas parece ser agora pública e verdadeira: António de Oliveira Salazar foi o mais votado na 2ª fase de “Os Grandes Portugueses”.
A escolha dos telespectadores vale o que vale, não tem substrato científico, dispensa conclusões apressadas, mas não deixa de merecer alguma reflexão e perplexidade.

Quem são os portugueses que deram esta posição de liderança ao principal protagonista de um regime anti-democrático, ditatorial e totalitário que nos oprimiu quase cinco décadas?
- os milhões de portugueses que no 1º de Maio de 1974 ― já os contornos da “Revolução dos Cravos” estavam mais claramente definidos ― saíram às ruas e praças para festejar a Libertação?

- os que sofreram, direta ou colateralmente, os efeitos da repressão fascista ― prisão, exílio, deportação, tortura, … ?

- os que estiveram ― ou quase lá foram parar ― em África, numa Guerra Colonial, tão estúpida e destemperada nos seus objetivos, quão ruinosa e devastadora para o nosso desenvolvimento?
- os que cresceram em escolas unissexo e pretensamente disciplinadas?
- os que não puderam ver os seus filhos aceder a uma Universidade tendencialmente classista e elitista?
- os que se obrigaram a falar em surdina e a sintonizar “ondas curtas”?
- os que não puderam ler Gorki, ouvir Gainsbourg, ver Buñuel?
- os que regressaram de Ayamonte, com os caramelos e as garrafas “contadas”?
Claro que não!

Para avivar a memória (ou aprender a História), nada como ler Fernando Dacosta em “Máscaras de Salazar (Edição Casa das Letras) ― retrato culto e inteligente de um Portugal amordaçado, triste, pequenino, mesquinho, pobre, deprimido, isolado.

Mas…
Álvaro Cunhal terá sido a segunda personalidade mais votada!
Mais do mesmo…

Ocorre-me sugerir a leitura de “Stasiland – do outro lado do muro de Berlim” (Prémio Samuel Johnson 2004 – Editora Civilização) de Anna Funder e de “Gulag – uma história” de Anne Applebaum (Prémio Pulitzer 2004 – Editora Civilização).
Dois excelentes livros, como tal reconhecidos e justamente premiados, recentes e convincentes, que nos demonstram e elucidam, mais uma vez, a perfídia, monstruosidade e perversidade dos extintos regimes “socialistas” de leste.
Afinal… dois novos e peculiares testemunhos que desenvolvem e amplificam o nosso conhecimento acerca de métodos e factos que outros anteriormente divulgaram a propósito da deriva totalitária da “Revolução de Outubro”.

Os portugueses votaram desde Abril de 1975, maciça e repetidamente, nos partidos políticos que representam o pensamento democrático ― social-democrata ou liberal ― da Civilização Ocidental.
Por isso recusaram as ditaduras ― a fascista e as outras…
Assim mergulhámos na Europa, bebemos da Europa, aprendemos com a Europa.
E nos reconciliámos com os valores de Liberdade, Fraternidade e Igualdade.”

 

FELIZ ANO NOVO!!!