sábado, dezembro 25, 2021

Clarificar?


 

 

 

 

 

 

Parece claro e óbvio: nas próximas eleições legislativas, previstas para 30 de janeiro próximo, apenas um de dois partidos políticos está em condições de vir a ser o mais votado.

Com efeito, o PS – hipótese que ainda me parece a mais provável – ou o PSD alcançarão o primeiro lugar em número de votos e também de mandatos parlamentares. 

 

Alguns dos comentadores/ analistas políticos que acompanho com regularidade através dos jornais, rádios e televisões portugueses, vêm chamando a atenção para a necessidade de os líderes desses dois partidos do espetro político central clarificarem, ao longo da próxima campanha eleitoral, a política de alianças que terão necessariamente de promover, no caso de não virem a alcançar uma maioria absoluta – a meu ver improvável e, acrescento com menos convicção, indesejável.

 

Para que todo e cada eleitor tenha a possibilidade de obter um voto mais esclarecido, creio que tal clarificação deverá ser efetivamente concretizada. 

Promessas vãs, mais tarde desvirtuadas ou esquecidas, fazem parte da nossa tradição eleitoral.

Voto útil sempre houve, e continuará a haver. 

Mas será importante saber – e estou claramente a pensar na minha próxima opção eleitoral – se o PS, caso seja vencedor mas minoritário, procurará novos entendimentos à sua esquerda – opção que o período posterior a 2019 se revelou muito complexa,  e de que a reprovação da proposta do Orçamento de Estado (OE) para 2021 foi a tradução mais recente – ou aceitará a disponibilidade de Rui Rio para “deixar passar” os dois primeiros OE da próxima legislatura, e desta forma concretizar um plano de ação mais consentâneo com a sua matriz ideológica social-democrata/ socialista liberal, sem ficar enredado na malha de exigências habitualmente tecidas pelo BE e pelo PCP.

E será igualmente determinante para o voto de muitos portugueses – não me incluindo eu nesse grupo – saber antecipadamente se o PSD, caso seja vencedor minoritário, mas com uma maioria parlamentar de direita, aceitará / promoverá algo de semelhante ao ocorrido aquando das últimas eleições regionais dos Açores. 

 

Discursos sinuosos, declarações de intenções retóricas e nebulosas, não serão bem-vindas nas semanas que se aproximam, e que marcarão uma luta eleitoral acesa, mas espero que com decência democrática e particularmente clarificadora, num momento importante e uma vez mais decisivo para Portugal, num contexto internacional marcado por tantas ameaças e incertezas.

 

Bom dia de Natal!