terça-feira, julho 06, 2010

Rumo à Liberdade


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Carlos Dominguez [Miguel Pinto] aterrou em Abril de 1976 no Aeroporto de Belas - Luanda, procedente de Havana.
Jovem médico, militante da União de Jovens Comunistas de Cuba, acreditava no Socialismo e na Revolução. E, ao abrigo da cooperação entre as autoridades do seu país e a nova nação africana, fora enviado para exercer a sua actividade de cirurgião.
A paixão por uma angolana "suspeita" fê-lo cair em desgraça entre a nomenclatura comunista.
No regresso a Cuba suportou a despromoção profissional e o desterro para uma área montanhosa e periférica no extremo oriental da ilha e depois a prisão e a tortura – física e psicológica.
Cercado por uma terrível intriga de espionagem envolvendo a CIA e os serviços secretos cubanos, uma ardilosa e bem conseguida "regeneração política" e a sua inegável competência profissional valeram-lhe o regresso a Havana e a ascensão à direcção do Serviço de Cirurgia e à docência num Hospital Universitário.
A rotura com o regime permanecia incólume. E, na mesma dimensão, a vontade de fugir e de conquistar a Liberdade.
Finalmente, a fuga – para Espanha. Definitiva. Abençoada.
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Miguel Pinto reside em Portugal desde 1992. É cirurgião no Hospital Fernando da Fonseca e docente universitário na Faculdade de Medicina de Lisboa.
"O ANO EM QUE DEVIA MORRER" (Sopa de Letras 2008) e "A FRONTEIRA MAIS LONGÍNQUA" (Sopa de Letras, 2010) são dois excelentes livros. Um exorcismo de mágoas do passado. Uma prosa admiravelmente fluida.
Já fizera referência neste blog ao primeiro, em 2008. Aconselho hoje a leitura de ambos.
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