.
Há dias assim. Em que o nosso estado de alma tudo permite. De outras formas. Com outros sentidos. O amor, a fruição da leitura. Eu sei lá!...
Foi o que me aconteceu ontem. Li bons textos.
Deliciei-me com "A Pluma Caprichosa" de Clara Ferreira Alves. "Uma certa ideia de Paris" - a última crónica.
A Clara anda irritada com Manuela Ferreira Leite. Destilou-lhe algum veneno no Eixo do Mal desta noite. Como tem acontecido ultimamente. E não vejo mal nenhum nisso. Muito menos falta de razão.
Mas ontem fez-me voltar a Paris. À Paris que pisei pela vez primeira em Outubro 1977. Ao Quartier Latin e ao Marais - onde mergulhei com outra profundidade trinta anos depois.
Ontem foi tempo para recordar. As livrarias e as esplanadas. Os cidadãos que vagueiam pela cidade e pousam nos jardins. Os eternos intelectuais. Entre eles Eduardo Prado Coelho.
«Paris, no calor de Junho, é uma festa. Uma cidade é isto, não achas Eduardo? Um lugar onde podemos ser felizes sem gastar muito dinheiro. Um café, um croissant, um jornal. Um amigo que goste de livros. A companhia dos outros. Os outros podem ser o inferno, dizia o velho Sartre, mas não aos domingos. Nunca aos aos domingos.»
O Eduardo responderia certamente que sim, Clara.
Eu não poderia estar mais de acordo.
.