domingo, julho 12, 2009

Livros que não esquecemos


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Samizdat - Vozes da Oposição Soviética foi publicado em Portugal em 1974. Chegou a minha casa dois anos depois. Apenas algum tempo mais tarde tive oportunidade de o ler. Recordo ainda hoje o impacto que teve na minha formatação político-ideológica.
Samizdat eram os escritos dos dissidentes que circulavam clandestinamente na União Soviética. Esta compilação, da responsabilidade de George Saunders, é uma obra curiosa, oriunda fundamentalmente de dissidentes que, rejeitando o estalinismo, se assumiam como socialistas.
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Embora muito marcado pela influência do esquerdismo trotskista, Samizdat - Vozes da Oposição Soviética é uma excelente tribuna de desmascaramento do comunismo, dos campos de concentração, da utilização de prisões psiquiátricas para dissidentes. São os relatos dos movimentos operários brutalmente reprimidos como a greve geral de Vorkuta, das reacções da "nomenclatura" à Primavera de Praga - vandalizada e abortada pelos tanques do Pacto de Varsóvia, das lutas independentistas de ucranianos, tártaros e outros nacionalistas. É a defesa do alargamento de direitos democráticos e liberdades civis.
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Mário Soares classificou o comunismo como o maior embuste da História. Os crimes do comunismo - soviético, chinês, cambojano, vietnamita, cubano ou qualquer outro - não podem cair no esquecimento. E, muito importante, não podem deixar de fazer parte da aprendizagem histórico-política das novas gerações.
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O pensamento e a representação eleitoral comunista são actualmente residuais na Europa - com a curiosa e perversa (quase) excepção de Portugal. A luta ideológica anti-comunista não deve estar marcada por quaisquer complexos de esquerda. O reforço da ideia de democracia socialista - ou de socialismo democrático se assim preferirem - é indissociável dessa persistente, por vezes mal compreendida, mas inadiável luta pela Democracia e pela Liberdade.
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