segunda-feira, março 16, 2009

Campeão

Paulo Pinto deixou-nos há 7 anos.
A 3 de Março de 2002.
Foi um domingo trágico para o Desporto.
Apetece-me evocá-lo hoje.
Recorro a palavras que escrevi no livro
PROVA DeVIDA:

"Saímos da Portela pelas sete horas de sábado, 2 de Março de 2002. Eu e o Ricardo fomos os únicos acompanhantes da equipa sénior de basquetebol do FCB que, pelo segundo ano consecutivo, disputava a Liga Profissional, depois de uma época de estreia em que alcançara o 10º lugar, entre catorze participantes.
À chegada a Angra do Heroísmo, estacionámos a viatura de aluguer junto ao Centro de Turismo, para recolhermos preciosas informações acerca da Ilha Terceira. À saída do edifício cruzámo-nos com a companheira de Ian Stanback, nosso atleta e que já representara a equipa da Lusitânia, o adversário dessa noite. Cumprimentou-nos, como sempre de forma sorridente e jovial, na companhia do seu pai, também ele açoriano. Angra do Heroísmo revelou-se uma cidade bonita e hospitaleira, com um centro histórico agradável e bem preservado, mas sem o cosmopolitismo e os sinais de pujança e modernidade que presenciara na Ilha da Madeira. A visita à Praia da Vitória (repetida na manhã seguinte) e ao Algar do Carvão, reserva natural geológica, foram momentos bem agradáveis, entrecortados e recheados por uma gastronomia surpreendentemente deliciosa.
No domingo, apesar da derrota (100-90) da véspera, partimos à procura de novas emoções, mas ao início da tarde, vista e revista a pequena ilha, resolvemos ocupar algum do tempo sobejante no Estádio Municipal João Paulo II, onde a Lusitânia recebia o Benfica-B, em jogo do Campeonato Nacional de Futebol da II Divisão. Foi uma primeira parte de futebol tão lento, entediante e mal jogado que, ao intervalo, resolvemos abandonar o recinto de jogo.
No regresso ao carro, foi o grande choque! A Antena 1 da RDP noticiava a dramática paragem cardio-respiratória de Paulo Pinto, ocorrida minutos antes no jogo Aveiro Basket-Benfica, com transmissão televisiva pela SportTV. Receei o pior. O que infelizmente veio a confirmar-se pouco depois. O valoroso atleta internacional faleceu e como bem se interrogou no dia seguinte Vítor Ventura nas páginas do Record do dia seguinte: “Como é possível Deus permitir esta injustiça?”.
Paulo Pinto foi um atleta exemplar. Com enormes atributos técnicos e de um invulgar desportivismo. E um estudante de eleição, que o levou à conclusão do Curso de Medicina. Facto que eu, seu companheiro da profissão, soubera valorizar de forma muito particular. Compatibilizar a prática desportiva de alta competição com a frequência e conclusão de uma licenciatura em Medicina, só está ao alcance de alguns cidadãos dotados de invejável inteligência e perseverança".

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Até sempre, Paulo Pinto!
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