domingo, março 01, 2009

Alegre se fez triste



Teve um passado de luta anti-fascista.
Passou sem brilho pelo Governo após a Revolução.
É um poeta reconhecido. E um cidadão de convicções.

Votei em si nas Presidenciais 2006.
Não porque a sua candidatura me tenha empolgado.
Mas porque discordei do putativo regresso de Mário Soares.
E não tinha alternativa no campo político em que me revejo.

Entendo que o percurso mais recente de Manuel Alegre não trouxe valor acrescentado significativo para a transformação ideológica que preconiza para o seu PS.
E a coerência que preconiza teria justificado - digo mesmo obrigado - a sua presença em Espinho, para uma luta política legítima (é inquestionável), difícil (é certo), desequilibrada (é verdade).

Aceitou integrar a Comissão de Honra do XVI Congresso.
Mas não foi visto em Espinho.
Creio que o Manuel Alegre político definhou este fim-de-semana.
Fica o Homem. E o Poeta, que escreveu:

Aquela clara madrugada que
Viu lágrimas correrem do teu rosto
E alegre se fez triste como se
Chovesse de repente em pleno Agosto.

Ela só viu dedos nos teus dedos
Meu nome no teu nome. E demorados
Viu nossos olhos juntos nos segredos
Que em silêncio dissemos separados.

A clara madrugada em que parti.
Só ela viu teu rosto olhando a estrada
Por onde um automóvel se afastava.

E viu que a pátria estava toda em ti.
E ouviu dizer-me adeus: essa palavra
Que fez tão triste a clara madrugada.

a