Laurinda Alves trouxe-nos ontem o João Adelino Faria.
Hoje o António Barreto.
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Não se sentiu moralista? [a propósito do discurso de 10 de Junho]
Pensei nisso quando escrevi e quando li, porque não gosto de ser moralista, de vender sermões, de apregoar virtude. Eu próprio não sou virtuoso. Tentei limitar-me ao território do exemplo público, das acções públicas. A verdade é que assistimos a uma espécie de dissolução de alguns valores morais antigos, que eram sólidos mas deixaram de o ser.
Tais como?
A palavra dada. A honradez. Hoje em dia pedir a alguém que seja honrado, que seja honesto, provoca geralmente sorrisos. As pessoas acham que é lírico, que é do século 19...
E confiar nesses valores ainda parece mais lírico...
Sim. Mas a honradez é uma boa virtude. Tento sistematicamente ser honrado. Não sei se serei sempre, ou se poderei ser sempre, mas nunca deixo de o tentar. Por outro lado assistimos a outra coisa mais arrepiante que é cada pessoa fazer a sua moral própria. Cada um tem a sua ética própria.
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Com as respectivas proporções e o devido respeito e admiração pelo pensamento de António Barreto (aqui já reafirmado por mais de uma vez), permita-me o ilustre sociólogo e pensador que faça também minhas as suas angústias, e meus os seus valores. Não se importa, pois não?
Por isso o acompanho com persistente atenção e... devoção.
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