domingo, fevereiro 22, 2009

Pelo Estado de Direito


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É curioso observar como personalidades diferentes, com empenhamentos partidários mais ou menos assumidos e transparentes, se posicionam perante um determinado facto político e respectivo(s) protagonista(s).
Uma prova do que acabo de afirmar tem a ver o “caso” Dias Loureiro.
No espaço de menos de 12 horas registei as reacções quase unânimes dos participantes no EIXO DO MAL – SIC NOTÍCIAS (e digo quase unânimes porque Pedro Marques Lopes foi mais prudente e comedido na alusão ao Conselheiro de Estado) e o registo mais racional mas não menos importante do sociólogo Alberto Gonçalves, na sua crónica de domingo DIAS CONTADOS, no DIÁRIO DE NOTÍCIAS.
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Porque me parece particularmente interessante, divulgo um excerto desta crónica.
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OS PESOS E AS MEDIDAS
Porque é que Dias Loureiro já foi condenado em público num processo, o do BPN, em que nem sequer é arguido? Porque é que a presunção de inocência não se aplica a Dias Loureiro? Porque é que Dias Loureiro não suscita vozes reflectidas a censurar os julgamentos populares? Porque é que ninguém supõe existir uma campanha negra contra Dias Loureiro? Porque é que poucos ou nenhuns desconfiam da "instrumentalização política" das notícias sobre Dias Loureiro? Porque é que não se censura a violação do segredo de justiça a propósito do "caso" BPN e do respectivo envolvimento de Dias Loureiro? Porque é que as opiniões publicadas acerca de Dias Loureiro não primam pela cautela e pelos escrúpulos? Porque é quase unânime a exigência de que Dias Loureiro se demita imediatamente do Conselho de Estado em nome da respeitabilidade do cargo? Porque é que a direcção da Lusa não impõe a supressão da informação desagradável relativa a Dias Loureiro? Porque é que a PGR não emite comunicados regulares a fim de proteger o bom nome de Dias Loureiro?
Juro: não tenho a mais vaga admiração, ou até simpatia, pelo indivíduo. Tenho apenas curiosidade em comparar o tratamento que lhe é dispensado à decência recomendada em histórias que eu julgava idênticas, não que de momento me ocorra alguma.
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Julgo que importa reflectirmos sobre o conteúdo expresso na prosa de Alberto Gonçalves.
Eu, pelo menos, tentarei não embarcar nos julgamentos populares, nem nas crucificações antecipadas.
Porque entendo imprescindível defender o Estado de Direito e as suas Instituições.
Mesmo se a Justiça nos dá amiúde uma imagem tão triste e às vezes mesmo tão obscena de si mesma.
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