sexta-feira, fevereiro 06, 2009

Sons de ontem e de hoje











Releio coisas que já escrevi outrora. Há mais ou menos tempo. Gosto de perceber a sua eventual depreciação pela voragem do tempo. Ou, o que também acontece, a perenidade de algumas ideias, convicções, gostos.
Hoje, apeteceu-me voltar a 4 de Maio de 2008. Dia em que escrevi em
www.rostos.pt na minha coluna AOS DOMINGOS TAMBÉM SE ESCREVE:

Há momentos – os felizes e os outros – que nunca esquecemos, mesmo se já algo distantes no tempo e aparentemente escondidos na nossa memória pelo peso das experiências, das imagens e dos sons mais recentes.
No final da década de sessenta, ainda um jovem pré-adolescente, recordo que num princípio de noite a minha irmã chegou a casa com um disco em vinil, emprestado pelo seu amigo João Alexandre. Era o “Sgt. Pepper´s Lonely Hearts Club Band” dos Beatles. A obra tinha sido gravada nos famosos Abbey Road Studios de Londres entre 6 de Dezembro de 1966 e 21 de Abril de 1967 e colocada no mercado no primeiro de Junho seguinte. Foi um disco fundamental na carreira dos “Fabulous Four” de Liverpool. Decorridos mais de quarenta anos, os cerca de trinta milhões de exemplares vendidos – por todos os continentes – atestam a aderência do público. A prestigiada revista Rolling Stone chegou mesmo a classificá-lo no primeiro lugar entre os quinhentos melhores álbuns de sempre, numa escolha efectuada em 2003 pelos seus conceituados e exigentes críticos musicais. Oiço o “Sgt. Pepper´s” com alguma regularidade. Guardo-o orgulhosamente na minha discografia de eleição.

Foi também no final dos anos sessenta que, ainda por influência de amigos mais velhos, tomei contacto com o programa “Em Órbita”. “Em Órbita” iniciara a sua transmissão regular no Rádio Clube Português no dia 1 de Abril de 1965 e desde esse dia dedicara-se praticamente em exclusivo, “à divulgação, à selecção, à explicação e ao enquadramento das formas mais representativas da música popular de expressão inglesa". Estiveram ligados ao programa nomes como Jorge Gil, José Manuel Alexandre (falecido em 1969), João David Nunes e Cândido Mota, entre outros. Creio que grande parte da minha sensibilidade e da minha cultura musicais se forjaram e definiram nesse saudoso programa que a partir de 1974 passou a transmitir apenas música clássica. Foi aí que conheci Donovan Philips Leitch e o seu extraordinário “Atlantis”, Simon and Garfunkel e o imortal “Bridge Over Trouble Water”, Tim Buckley, Fairport Convention e tantos outros.
Na actualidade, embora partilhe as minhas audições e aquisições musicais por géneros tão diversos como o pop-rock alternativo, o jazz e a música clássica, confesso que dedico boa parte do meu tempo “radiofónico” à RADAR FM na frequência 97.8 de Lisboa. Considero-a a herdeira natural de dois outros projectos da rádio alternativa portuguesa que me marcaram profundamente na última década: a XFM e a VOXX. Com ela descobri Anthony and the Johnsons, Beck, Magnetic Fields, Radiohead, Tindersticks, e muitos, muitos mais. Ouvir a RADAR é algo de absolutamente obrigatório na minha existência, quase litúrgico. Mesmo os afastamentos físicos da Grande Lisboa me não separam dela, uma vez que a emissão online (www.radarlisboa.fm) é um recurso sempre possível e reconfortante. Sabe-me bem ouvir a sua magnífica equipa de colaboradores de que destaco António Sérgio, Nuno Galopim, Pedro Ramos, Tiago Castro e Zé Pedro. Procuro acompanhar programas tão relevantes como “Viriato 25” (segunda a sexta, 23.00 / 01.00), Discos Voadores (domingo, 22.00 / 24.00), “Álbum de Família (domingo, 12.00 / 13.00). Valem uma audição…

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