sexta-feira, abril 10, 2009

Adoro-te Barreiro!


extraído do sítio de Luís Ferreira da Luz http://www.artbarreiro.com
.
O Semmais - jornal da região de Setúbal, distribuído semanalmente com o Expresso - divulgou na sua edição de hoje a possível candidatura do Engº António Fonseca Ferreira - presidente da CCDR de Lisboa e Vale do Tejo desde 1998 - à Câmara Municipal de Palmela.

Não sei qual a sua ligação aquela cidade.
A pesquisa que efectuei acerca do seu curriculum pessoal e profissional não o esclareceu.
Mas sei que li a notícia com todo o interesse.
E percebi que ela comportava em si mesma aspectos sobre os quais tenho reflectido a propósito das próximas eleições autárquicas no Barreiro.
a
A este propósito, e antes de prosseguir, julgo importante expressar cinco notas prévias:
1. sou votante do PS - em eleições locais e nacionais - desde há cerca de três décadas
2. não tenho, nem pretendo vir a ter, qualquer filiação partidária
3. não terei qualquer outro comprometimento nas próximas eleições autárquicas que extravase o elementar direito (e dever) de votar
4. estou profundamente desencantado com alguns desenvolvimentos - remotos ou recentes - e muitos dos actores da vida política - local e nacional

5. compreendo e valorizo a nobreza e a imprescindibilidade da actividade política, na difícil e exigente defesa da causa pública.
a
Adiante.
a
Reli ontem algumas palavras que publiquei no ano passado no Rostos
www.rostos.pt.
Apetece-me transcrever e partilhar convosco alguns excertos.

a
Em 13 de Janeiro de 2008 escrevi:
a
"Parece que a decisão está tomada. O Barreiro vai ser contemplado (beneficiado?) com uma ponte ferro-rodoviária.
Fiquei feliz!
Acredito que o Barreiro terá aqui uma excelente mola impulsionadora para um impulso desenvolvimentista e renovador.
A centralidade do Concelho na Margem Sul da Área Metropolitana de Lisboa será agora mais substantiva. A expansão populacional inverterá o declínio reafirmado pelos últimos censos.
As consequências económicas, sociológicas, culturais e desportivas, serão inevitáveis e previsivelmente favoráveis.
Não tenho certezas. Mas acredito que nos saiu a Lotaria. Curiosamente na mesma semana em que a Comunicação Social local divulgou um conjunto interessante de obras públicas a decorrer no Concelho do Barreiro. De paternidade repartida entre o anterior e o actual executivos, mas cujo reflexo eleitoral em 2009 deverá beneficiar o PCP e "penalizar" o PS.
Injusto? Claro que sim!
Mas se o PS perdeu em 2005 por culpa própria…"

a
Duas semanas depois, em 27 de Janeiro de 2008, publiquei:
a
"Por aquilo que me chega através da comunicação social - local e regional - o PS Barreiro está efervescente. As próximas eleições para a Direcção Concelhia poderão vir a ter vários candidatos. O que à partida é estimulante: mais participação, mais debate, mais reflexão.
Do resultado dessa eleição poderá (ou não) configurar-se o próximo candidato às Eleições Autárquicas de 2009. Eleições que, como escrevi há semanas atrás, serão dificílimas para o PS.
Tenho para mim que o PS apenas tem um candidato barreirense com capacidade para vencer o PCP. Que não participará certamente na próxima pugna partidária. Quererá ele ser candidato? Poderá ele ser candidato? Seria o meu candidato. Teria o meu voto."

a
E, em 6 de Abril de 2008, na crónica semanal Aos domingos também se escreve, exprimi as seguintes opiniões:
a
"Muito haveria para escrever esta semana acerca de tantos e tão variados aspectos da vida política nacional e internacional. Da derrota eleitoral do ditador Robert Mugabe à acentuação da repressão por parte das autoridades chinesas. Da anunciada escolha de Jorge Coelho para a presidência executiva da Mota-Engil às aplicações financeiras do Estado em diversos offshore. Da crise dos partidos da direita às contradições e distanciamentos da esquerda portuguesa. Das declarações de Jaime Gama a propósito do ex-"Bokassa da Madeira" subitamente convertido em "exemplo supremo da vida democrática", ao postscriptum de João Carlos Espada dirigido ao recém-falecido Galvão de Melo.

Mas o que hoje verdadeiramente me apetece é partilhar convosco, caros leitores, a alegria pela decisão governamental da passada quinta-feira, que aprovou a travessia rodo-ferroviária Chelas-Barreiro. Não sei se é a decisão mais acertada no âmbito da política de investimentos públicos do Governo. Não sei se é a opção de atravessamento do Tejo menos dispendiosa. Não sei se é a escolha mais adequada em termos de política de transportes da Área Metropolitana de Lisboa e de articulação com as futuras ligações ao Aeroporto de Alcochete e a Espanha pelo transporte ferroviário por alta velocidade. Mas sei - pelo menos pressinto - que é um momento histórico para o Barreiro. Um ponto de viragem.
Não partilho da visão pessimista de alguns Barreirenses - julgo que poucos - acerca dos impactes ambientais (e de outras naturezas) que poderão decorrer da construção da nova travessia do Tejo. Não tenho, de resto, saberes e competências que me habilitem a opinar sobre esse vector que, não sendo desprezível, não pode ser, em minha opinião, factor condicionante do desenvolvimento da nossa querida Cidade.

"Habituámo-nos" ao longo de décadas - de forma mais ou menos passiva e sob pretextos os mais diversos, e por vezes indecorosos e inaceitáveis - a ver o nosso Concelho esquecido e ostracizado pelo Poder Central do Estado Novo mas também pelo Estado Democrático. E, concomitante com o definhamento do tecido empresarial clássico - público e privado -, sofremos as consequências: desindustrialização, crise económica e demográfica. Mas existem agora boas razões para pensar que o Barreiro está a mudar e continuará a mudar - para melhor... certamente!
A conclusão do Polis e do Fórum Barreiro, a construção da Ponte Chelas-Barreiro, a reestruturação do "território Quimiparque", a reorganização do centro urbano e do "Barreiro Velho" poderão e deverão constituir-se como alavancas e forças motrizes para a revitalização industrial, urbana, demográfica, cultural e desportiva do Barreiro. Cidade desde logo recentrada na área Metropolitana de Lisboa, mais próxima e amiga do Tejo, pujante em indústrias de última geração e na reafirmação como "cidade ferroviária", plural e arrojada nas manifestações culturais, rejuvenescida no movimento associativo, atractiva para as novas gerações de Barreirenses e para novos migrantes. Acredito que estes novos projectos – em vias de conclusão ou em fase de visão/ideia/projecto – serão factores de crescimento e trarão desenvolvimento sustentado, renovação e modernidade à Cidade e ao Concelho do Barreiro. É que, como cantava Sérgio Godinho: "para melhor está bem, está bem, para pior já basta assim."

a
Perguntarão aqueles que me acompanham neste blogue:
Porque entendi trazer de novo estes textos a público? E onde entronca aqui a notícia do Semmais?

a
A resposta é simples. Mas tem, pelo menos, seis componentes:
1. porque não acredito na capacidade do PCP gerir com modernidade e eficiência os destinos colectivos do Barreiro

2. porque não concebo o PCP como a força política motriz do desenvolvimento económico, social e cultural do Barreiro (e de Portugal)
3. porque receio, de forma muito convicta, que o PCP venha a colher - de forma totalmente fortuita e imerecida - os louros de um conjunto de investimentos públicos e privados, de planeamento e execução iniciados antes daquele partido ter voltado ao poder na minha cidade, e que constituiram um grandioso jackpot eleitoral
4. porque estou convicto de que apenas uma personalidade de elevada (e reconhecida) competência técnica e política e inquestionável estatura civica e intelectual poderá protagonizar uma candidatura vitoriosa para o PS-Barreiro
5. porque essa personalidade não tem de ser necessariamente herdeira ou proprietária de uma ligação ou vinculação passada ou presente ao Barreiro - por naturalidade, residência ou actividade profissional.

6. porque, apesar do desencanto que a vida política local e nacional me suscitam, quero ter no Outono de 2009 boas e substantivas razões para continuar a votar PS.
a
Tenciono voltar a este tema.
a
Boa Páscoa.
a