sábado, abril 25, 2009

Ainda e sempre!


"Portugal, o Estado, a administração pública e as grandes empresas privadas estão a mudar de pele. E talvez a sociedade. Mais uma vez. Ainda é difícil saber se para melhor ou pior. Ou se voltaremos em breve ao que éramos. Mas ninguém tenha dúvidas de que a operação está em curso.
Mais Espanha. Mais concentração empresarial. Mais ligações perigosas entre o Estado e a empresa privada. Mais dependência das multinacionais. Menos dinheiros europeus. Mais emigração de portugueses para o estrangeiro. Mais controlo do governo sobre a sociedade. Mais vigilância sobre os cidadãos. Mais precariedade do trabalho. Mais saúde privada. Menos protecção social. Mais turismo de massas. Mais destruição dos centros históricos das cidades. Mais aviltamento do que resta do litoral. Menos urbanismo.
Como sempre, ninguém conhece o resultado. Mas vale a pena estar atento ao caminho."
António Barreto, Retrato da Semana, Público de 22 de Abril de 2007.

Estas palavras do sociólogo que semanalmente me oferece um olhar independente e lúcido da realidade portuguesa contemporânea, foram publicadas a escassos três dias da celebração do 33º aniversário da Revolução de Abril. Passaram dois anos.
Alguns, porventura mais precipitados, poderão ver nelas um desencanto desmedido com a evolução da Democracia e da Liberdade no Portugal que António Barreto tão bem ajudou a construir e a consolidar, com muito amor pela justiça, pela lei, pelo bom-senso. E que lhe valeu ataques de tal forma indignos e soezes e tentativas de enxovalho público do seu carácter, da responsabilidade de alguns profissionais da política – já então velha e decrépita, embora pretensamente igualitária e popular.
Também eu tenho como verdadeiras as palavras de António Barreto.
Também eu tenho pena de alguns dos caminhos da nossa política.
Também eu tenho nojo de alguns – demasiados – protagonistas da nossa classe política.
Mas hoje, apetece-me sobretudo lembrar que o 25 de Abril me (nos) deu:
Mais Paz. Mais Liberdade. Mais Pão. Mais Saúde. Mais Educação.
Acham coisa pouca e secundária?
Hoje, 25 de Abril, vou comemorar a Revolução dos Cravos. Com recato e de forma intimista. À minha maneira…
Quero-te tanto, Abril!
Ainda e sempre!

25 de Abril de um ano qualquer.