segunda-feira, abril 27, 2009

Um final feliz


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A equipa sénior de basquetebol do FC Barreirense venceu ao final da tarde do passado sábado a equipa do Ginásio Figueirense.
O sucesso alcançado por uma escassa diferença de três pontos – tão justa quanto "sofrida" – permitiu ao FC Barreirense classificar-se em 6º lugar na fase regular da principal competição nacional de basquetebol, e o apuramento para o play-off de atribuição do título de campeão nacional, prova que já venceu nas distantes épocas de 1956/7 e 1957/8.
Os objectivos competitivos que o colectivo da Secção de Basquetebol terá definido no início da época – e cujo conteúdo desconheço em absoluto – parecem alcançados, tal a desproporção de meios que a equipa do Barreiro terá de enfrentar perante a poderosa AD Ovarense, em eliminatória a disputar "à melhor de cinco jogos" e com início já no próximo sábado.
Mas a "missão" da equipa de basquetebol do FC Barreirense não está cumprida. Até final da competição, que poderá na pior das hipóteses acontecer dentro de duas semanas, é obrigatório que todos os seus integrantes caprichem em demonstrações cabais de empenhamento, solidariedade, desportivismo, competitividade e ambição, individual e colectiva.

Apenas acompanhei a equipa do lado de fora. Do lado mais fácil e mais cómodo de espectador, do treinador e do director "de bancada". Do lado de quem se sente – às vezes para alguns, quase sempre para outros – atraído pela crítica fácil, pelo distanciamento simplista da compreensão mais profunda e mais séria das enormes dificuldades que, ano após ano, obstaculizam mas não anulam a continuidade de um projecto de afirmação da modalidade, na cidade e no país.
Terá sido uma época difícil. Uma época com problemas. Uns velhos. Outros novos. Alguns dos quais presumo que evitáveis.

Também por isso, a vitória de sábado foi especial.
Reduzida e fragilizada na sua capacidade atlética – mas quase apenas nisso – pela devolução à procedência (tardia?) dos norte-americanos Chad McKenzie e Bruce Brown, a equipa do FC Barreirense teve uma prestação memorável. Repito: memorável.
Um punhado de onze jovens – média etária de 19.7 anos – "fez das tripas coração, empolgou-se, e empolgou-nos, numa manifestação de vontade, de ambição e de convicção que não deixou ninguém indiferente.

Apetece-me destacar o nome e a idade dos atletas convocados:
João Guerreiro, Pedro Pereira e Tiago Raimundo: 18 anos; André Clérigo, Francisco Destino e José Silva: 19 anos; Manuel Sicó e Pedro Pinto: 20 anos; João Santos, Miguel Graça e Tyrekus Bowman: 22 anos.
Esta é a matriz e o paradigma do Barreirense Basket: juventude, irreverência, ambição.

No final do primeiro dos quatro períodos regulamentares de jogo o norte-americano Tyrekus Bowman lesionou-se. Mas mesmo ele, regressando à luta poucos minutos depois, foi persistente no combate à dor, solidário com os companheiros, profissional na atitude e, como quase sempre aconteceu ao longo da temporada, competente no desempenho.
Nos momentos finais da contenda a experiência, a qualidade e a matreirice do "velho" capitão José Costa quase nos levou para um prolongamento, indesejado e perigoso. A fortuna acompanhou-nos nesse momento derradeiro. Mas teria sido injusto, tremendamente injusto, se o desenlace final tivesse sorrido aos "homens da Figueira da Foz".

Houve, desta vez, muito mais público presente.
As entradas livres (mas o preço dos bilhetes é tão acessível… ), o carácter decisivo do jogo, o dia feriado (e que feriado!...) terão sido factores predisponentes a uma deslocação mais numerosa de adeptos à Cidade Sol.
E esse facto também galvanizou os nossos jovens atletas.
Embora sem o fulgor, o entusiasmo e os cânticos de outros tempos, voltou a respirar-se e a gritar-se Barreirense na tarde de sábado.

Concluído o jogo, já bem próximo das oito e meia da noite, a quase totalidade dos atletas rumou a Lisboa, para defrontar, apenas uma hora depois, a equipa de Juniores (sub-20) do SL Benfica.
Não assisti a esse jogo, resolvido a nosso favor por escasso ponto.
Tanto esforço. Quanta recompensa…

Esta vitória, assim como a alcançada uma semana antes em Coimbra – ainda mais relevante porque obtida "fora de portas" e frente a um opositor mais categorizado que o Ginásio Figueirense – realçou a necessidade de, conceptualmente, e não por consequência das inevitáveis dificuldades e estrangulamentos financeiros, actuais e futuros, balizar a constituição da próxima equipa sénior dentro de uma estrutura e concepção semelhantes à actual.

Aqueles que ao longo da época foram sorrindo de forma mais ou menos ostensiva com alguns "tiros nos pés" com que o próprio clube se foi infelizmente auto-flagelando, e aqueles que foram agentes de uma bem perceptível e aqui e ali identificada vontade de descridibilização do FC Barreirense e do projecto do Barreirense Basket, tiveram desta vez uma boa resposta.
Soubesse eu toda a verdade acerca dos jogos, manipulações e incumprimentos – imobiliários, financeiros e outros – que querem denegrir e apunhalar o meu clube e… "outro galo cantaria".
Sucede que não sei toda a verdade. E, pelos dias de hoje, creio mesmo que estou muito longe da verdade. E não é só por culpa própria…

Não sei qual o futuro próximo do Barreirense Basket.
Não sei sequer – e isso será o mais importante no curto prazo – qual o futuro próximo do FC Barreirense.
As nuvens são cinzentas. Mas as dificuldades do presente – que merecem reflexão que voltarei a fazer oportunamente – não retiram o brilho e o mérito à grande vitória do passado sábado.
Parabéns aqueles que a construíram.

Em 25 de Abril de 2009, no "Luís de Carvalho", também houve festa, alegria e comemoração. Com algumas lágrimas à mistura. À Barreirense!
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