A morte do jovem Adriano Aragão - que muito lamento - tem sido lamentavelmente acompanhada por parte da Comunicação Social.
Como hoje percepcionei, logo pela manhã, na Antena 1 da RDP.
Já tinha previsto este tipo de comportamento em conversas com amigos e profissionais da saúde, desde que a problemática da Gripe A veio para a ribalta.
.
A avaliar pelas declarações públicas que acabo de ouvir, oportunamente proferidas pela Ministra da Saúde Dra. Ana Jorge, parece desde já clarificada a causa da morte do jovem Adriano - uma cardiomiopatia congénita, ontem agravada e inapelavelmente descompensada pela infecção pelo vírus H1N1.
.
Sabemos - profissionais da saúde - que se avizinham tempos difíceis.
De enorme afluência às urgências - nos Centros de Saúde e nos Hospitais.
De eventual sobrelotação de camas hospitalares - acredito que não chegaremos a tal grau de rotura.
De uma carga de trabalho que nos deixará exaustos - e como tal, menos resilientes e mais predispostos ao erro.
De uma pressão que nos poderá fragilizar perante a opinião pública - facto que não será novidade para quase todos.
Se a Comunicação Social - sedenta de audiências, de shares e de vendas - persistir numa atitude de superficialidade e alarmismo, de abertura à maledicência e à crucificação absurda e apressada - e, como hoje se viu injusta e brutal - de profissionais competentes e dedicados, teremos o caminho aberto para um enorme desconforto, frustração, direi mesmo pesadelo, de todos quantos escolheram uma profissão muito bela, realmente difícil, singularmente humanista e... obviamente indispensável.
.
Estou pessimista neste particular? Sim.
Mas empenhado, com os meus colegas, em "dar o corpo às balas". E prosseguir uma luta, por vezes desigual, onde os ignorantes, os hipócritas e os mesquinhos terão de ser responsabilizados e banidos.
Mas a paciência tem limites...
.