quinta-feira, outubro 22, 2009
Obrigado Albino
Foi com muito pesar que recebi,
ao final da manhã de hoje,
a triste notícia do falecimento de
Albino Macedo – sócio nº 4 do Futebol Clube Barreirense.
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A Assembleia-Geral Extraordinária foi FCB de 4 de Abril de 2005, fora convocada para "deliberação da atribuição de emblema de diamante e louvor ao associado Albino António da Silva Macedo pelos altos serviços prestados ao FCB".
A proposta foi aprovada por unanimidade.
Uma semana depois, realizou-se a sessão comemorativa do 94º aniversário do Futebol Clube Barreirense.
Por solicitação da direcção do clube, então presidida pelo Sr. Manuel Lopes, proferi uma intervenção dedicada a Albino Macedo, perante uma vasta audiência de Barreirenses e ilustres convidados, onde se destacava Vicente Moura, Presidente do Comité Olímpico Português.
Albino Macedo foi nessa noite galardoado com o Emblema de Diamante, por 75 anos de filiação clubista.
Julgo que as palavras então proferidas mantêm toda a actualidade e pertinência. A sua integral reprodução é o meu tributo a esse ilustre Barreirense que hoje se despediu de nós e nos deixou mais pobres.
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Exmo. Presidente da Assembleia-Geral do Futebol Clube Barreirense
Exmo. Presidente da Câmara Municipal do Barreiro
Exmas. Individualidades presentes na Mesa desta Sessão Solene Comemorativa do 94º Aniversário do Futebol Clube Barreirense
Caros Consócios e demais presentes:
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Como muitos de nós, Albino António da Silva Macedo, é associado do Futebol Clube Barreirense desde o seu dia de nascimento.
Ao longo de 75 anos, Albino Macedo dedicou-se de corpo e alma ao engrandecimento e fortalecimento do nosso histórico clube.
Como atleta, destacou-se no basquetebol, tendo apenas representado as nossas cores, ao longo de uma carreira de 17 anos (1946 a 1963). Para a história ficam muitos momentos de glória, daquele que foi capitão do Futebol Clube Barreirense, campeão nacional sénior nas épocas de 1956/1957 e 1957/1958 e capitão da Selecção Nacional sénior de 1957 a 1959.
Como dirigente, Albino Macedo foi pela primeira vez Presidente do FCB com apenas trinta e quatro anos de idade, sendo ainda hoje o associado com maior número de anos como Presidente do clube, onze, entre 1964 e 1992. Desempenhou outros cargos directivos e é, como sabem, actualmente Presidente do Conselho Consultivo e Contas.
A sua dedicação, a sua honestidade, a sua simplicidade, o seu desprendimento material, elevam-no sem qualquer dúvida, ao patamar mais alto de todos quantos têm servido este clube ao longo de noventa e quatro anos.
Em 1958, apenas dois anos após a inauguração do nosso Ginásio-Sede, sensibilidades diversas no seio do clube, dividiam a sua eficácia, dificultavam o seu crescimento, ameaçavam a sua unidade. No Jornal do Barreiro de 20 de Fevereiro desse ano, o associado Fernando de Alenquer, escrevia em artigo de opinião: "O Futebol Clube Barreirense é uma colectividade especial. Pode ser igual a outras, ter pelo menos afinidades que em certos aspectos tornem comum o seu destino; mas nenhuma lhe é paralela no caminho do esforço criador… Mas a sua massa associativa está dividida. O haver numerosos grupos, cada um constituindo, muito naturalmente, um núcleo de opinião e de crítica, não significa divisão perniciosa; pelo contrário, se cada grupo se orientar no sentido do engrandecimento da colectividade, opinando e criticando construtivamente, a revalorização será inevitável e mais rápida… O Barreirense é um clube especial, cheio de popularidade. Mas precisa de unidade. Precisa de que dentro dele se difundam doutrinas que lhe mostrem a sua obra inacabada; que lhe revelem não estar ainda concluída a estrada do seu destino; que lhe mostrem a necessidade de aproveitar valores e de os conjugar no sentido de nunca se perder esse tino que lançou a primeira pedra do ginásio e depois tornou, pelo esforço criador, a obra una e indivisível. É difícil o desiderato? Não se nega a canseira a que obrigará. Mas as tarefas cívicas que decorram dessa obrigação de indivisibilidade, no sentido construtivo, serão benditas. Elas eliminarão, a pouco e pouco a dificuldade de construir elencos directivos e tornarão o Barreirense mais Barreirense – mais progressivo… O Barreirense precisa de todos: dos que só podem pagar a sua quota e dos que, acima de tudo, lhe podem dar a sua inteligência e a sua dedicação".
Como parecem sábias e actuais estas palavras.
Num momento em que tanto pode mudar tão depressa neste grande clube, importa fortalecer a unidade entre todos os Barreirenses, afirmar a sua matriz identitária, onde se destaca a prática tradicional e gloriosa de duas modalidades muito queridas: o futebol e o basquetebol. Albino Macedo, personifica esta perspectiva, passada, actual e futura, de um clube que se quer plural, realista mas ambicioso.
Albino Macedo acompanha com intensidade e paixão todas as actividades do clube. Aos sábados, vemo-lo no Pavilhão Luís de Carvalho, apoiando a equipa sénior de basquetebol, já não amadora como no seu tempo, mas ainda assim peculiar no panorama da modalidade em Portugal, pela afirmação tão forte da sua escola de formação e que a tornam tão respeitada e tão admirada. Aos domingos, é fácil encontrar o Albino no "Manuel de Mello" ou em qualquer outro campo onde se desloca a nossa mais representativa equipa de futebol.
O Futebol Clube Barreirense sabe honrar e homenagear as suas glórias, os seus mais devotados, competentes, sérios e ilustres associados. Em Novembro de 1959, sendo Presidente Renato Freire, Albino Macedo, ainda praticante de basquetebol, carreira que apenas encerraria cinco anos depois, foi alvo de uma inesquecível festa de homenagem e consagração, promovida no Ginásio-Sede pelo seu clube de sempre. Recebeu com todo o merecimento a Medalha de Mérito e Dedicação do Futebol Clube Barreirense, entregue pelo associado número um, António Maria da Costa. No palco, numa cortina aveludada, podia ler-se: "Obrigado Albino Macedo".
Essas são, também hoje, as minhas últimas palavras, as nossas últimas palavras: "Obrigado Albino Macedo".
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