segunda-feira, setembro 22, 2008

Para sempre


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Nasceu em 1977 sob a direcção de António José Saraiva, Carlos L. Medeiros e José Baptista. Pereceu em 1981. Pelo caminho, a direcção de Helena Vaz da Silva. Assumiu-se como uma revista de “crítica e alternativas para uma civilização diferente”.
No seu manifesto inaugural podia ler-se: “Os burocratas, tecnocratas e salvadores políticos dos vários mundos, independentemente das suas diferenças de situação e doutrina, estão empenhados em consolidar um sistema em que a grande maioria dos homens executa mecanicamente as decisões tomadas por alguns. Torna-se cada vez mais urgente restituir a cada homem a sua humanidade, quadriculada e esquartejada num mundo cada vez mais programado. “Raiz e Utopia” não propõe uma nova doutrina no plano político e ideológico em que se exibem os actores do dia. Não contribui para o discurso dominante. Tão-pouco alinha com o que é moda chamar “ciência”. Recusa a ilusão do “progresso” considerando que a famosa “marcha da humanidade” é um comboio num túnel em forma de funil. Os problemas de raiz estão hoje escamoteados no discurso tecnoburocrata. É preciso mudar radicalmente a problemática a partir do quotidiano, transformar a atitude do espírito perante as coisas. A utopia não é um impossível: é um norte, a leste ou a oeste das ilusões confortáveis que hoje são servidas como ópio às massas resignadas”.
“Raiz e Utopia” fortaleceu a construção dos meus alicerces ideológicos. Ajudou-me a desvanecer, em definitivo, qualquer ilusão acerca do embuste comunista.
Em 2006, na celebração do cinquentenário, a Fundação Calouste Gulbenkian apoiou o Centro Nacional de Cultura na publicação de “Raiz e Utopia – Memória de uma revista 1977-1981 – Antologia”. O seu lançamento passou-me então completamente despercebido. Apenas agora a adquiri. Merece uma leitura!

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