segunda-feira, janeiro 26, 2009

Memória Barreirense (XLVII)



Comunicar

Quando em 21 de Julho de 2004 tomei posse como Vogal da Direcção e Director da Secção de Basquetebol do FCB, iniciei desde logo, em colaboração com alguns companheiros, com realce para José Almeida Fernandes, um processo de reflexão acerca da área de comunicação e imagem, tendo como objectivos, entre outros, a criação de uma revista e de um site oficial do basquetebol.
Em Novembro de 2004, nasceu a revista Barreirense Basket, com João Betinho Gomes em fotografia de capa no número inaugural. Assumindo-se como um “projecto editorial inovador, plural e exigente” Barreirense Basket constituiu, apesar do amadorismo mais genuíno dos seus redactores, uma realização muito interessante. Com uma distribuição pouco eficaz para além da nossa família basquetebolística, e com uma estrutura de captação de publicidade esforçada mas limitada, Barreirense Basket atingiu, ainda assim, um público numeroso e mereceu a atenção e admiração de outros importantes agentes da modalidade. E, muito importante, constituiu um produto financeiramente rentável, confirmando as nossas expectativas iniciais.
Em Fevereiro de 2005, após alguns meses de concepção, preparação e experimentação, chegou o momento de inaugurar o site oficial do Barreirense Basket, http://www.fcbarreirense.pt/. No texto inaugural escrevi: “É com natural ansiedade e expectativa que aguardamos pela sua aceitação e divulgação. Tal como a revista, também o nosso site é, e será sempre, uma obra inacabada, imperfeita, sedenta do contributo de tudo quantos apreciam e se revêem neste projecto. Poderemos a partir de agora comunicar de forma mais rápida, acessível e ampla”. Apesar das suas manifestas lacunas, fragilidades e limitações, http://www.fcbarreirense.pt/ foi, e continua a ser, um veículo muito importante de divulgação da agenda desportiva e das diversas actividades desenvolvidas pela Secção de Basquetebol.
É oportuno recordar que o site oficial e a revista surgiram contextualizadas e enquadradas num protocolo de autonomia desportiva, administrativa e financeira, que fora alguns meses antes acordado entre o Presidente Manuel Lopes e um grupo de Barreirenses interessados e empenhados na continuidade de um projecto de basquetebol para o clube, alicerçado na sua magnífica escola de formação e recrutamento, mas ancorado numa equipa sénior competindo no mais elevado escalão, a Liga Profissional.
Foi o princípio de uma longa e dura caminhada, parcialmente (transitoriamente?) interrompida, uma vez que, por razões que não serão agora chamadas à colação, a Barreirense Basket não teve continuidade no presente mandato da Secção de Basquetebol. Será importante que estes dois projectos possam ser repensados e reformulados editorialmente, apoiados de forma mais estruturada e eficaz, nas áreas da angariação de publicidade e de distribuição e venda da revista. Deverão ser projectos criativos, com conteúdos de qualidade, esteticamente modernos e apelativos. E poderão constituir-se, se bem administrados, como um interessante contributo para a sustentabilidade financeira da Secção.
O site que acompanha o futebol do clube, tem desenvolvido uma actividade meritória e, embora susceptível de ser melhorado no seu conteúdo nas áreas de reportagem e opinião, tem cumprido a sua função comunicacional, embora quase exclusivamente restrita à componente noticiosa.
É fundamental que o FCB disponha de canais de comunicação que preservem a sua mística, divulguem as actividades das modalidades, e se constituam como espaços de reflexão, opinião e polémica. Como é de toda a pertinência questionar as vantagens e desvantagens decorrentes da actual existência de três sites autónomos – Basquetebol, Futebol e Xadrez.

Ao longo dos dois anos em que integrei os Órgãos Sociais do FCB, fui sujeito activo num esforço de compreensão, aproximação e respeito entre os responsáveis das modalidades, nomeadamente daquelas que pelo seu passado e presente, orçamentos e ambições desportivas, viveram em etapas diversas da história do clube, longínqua ou recente, momentos de fricção e tensão. De forma frontal e responsável, com diálogo e tolerância, deram-se passos importantes no sentido de pacificar o clube e reforçar a sua identidade. Um site único, num clube eclético e plural, concentrando recursos e rentabilizando sinergias será, em teoria, a solução financeiramente mais vantajosa, desportivamente mais abrangente e conceptualmente mais unificadora e impulsionadora da Marca Barreirense. Na vertente comunicacional em suporte de papel, a criação de uma publicação única, representativa de todas as modalidades será também, em tese, a solução mais desejável. Mas, de momento, não parecem suficientemente maduras as condições necessárias para um esforço conjunto do futebol e do basquetebol na área da comunicação, pelo que as águas correm (ainda) em leitos distintos e pouco convergentes.
Por outro lado, há que implementar de forma mais permanente e incisiva, e aproveitar com maior intencionalidade e agressividade, todas as potencialidades do correio electrónico, recorrendo regularmente ao contacto com os associados, através de newsletters para divulgação personalizada da agenda desportiva semanal, comunicados da Direcção, convocatória de Assembleias-Gerais, etc. Esta é uma vertente que a Secção de Basquetebol tem explorado com elevada rentabilidade.
O clube deverá ainda prosseguir o esforço encetado em 2004 de fornecer, com qualidade e regularidade, conteúdos informativos aos órgãos de comunicação que nos têm acompanhado de forma mais próxima, os semanários Jornal do Barreiro, Voz do Barreiro, Margem Sul e Notícias do Barreiro, os espaços online Rostos e Diário do Barreiro, a rádio Popular FM.
Em jeito de conclusão: informar, esclarecer, mobilizar e fidelizar os nossos associados e adeptos exigirá um reforço substancial de investimento e intervenção na área de comunicação. Da percepção deste desafio e da sua adequada concretização dependerá em larga medida o futuro e o sucesso do FCB.

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Com os Agentes Económicos e Culturais

Parece-me claro e inequívoco que o FCB representa, no presente tal como no passado, uma das instituições que melhor difunde o nome da Cidade do Barreiro pela Área Metropolitana de Lisboa e pelo todo nacional.
Em crise demográfica, com um tecido empresarial muito fragilizado, e um número restrito de personalidades de primeiro plano na vida política, científica e cultural aqui residente, o Barreiro precisa urgentemente de um impulso desenvolvimentista.

Como já afirmei anteriormente, será fulcral para o nosso futuro que os grandes projectos em curso (Polis e Fórum Barreiro), em fase embrionária (Masterplan) ou ainda sem decisão governamental completamente clarificada (terceira travessia do Tejo), protagonizem e potenciem um revigoramento da actividade económica do Concelho, que o liberte da inércia e crise vigentes e o devolva à importância de outros tempos.
Apesar das dificuldades económico-financeiras do Barreiro, o FCB tem conseguido alguns apoios e patrocínios publicitários, que embora escassos para as necessidades do clube, têm-se revestido de particular relevo para a sua sustentabilidade financeira. E é da mais elementar justiça referir que, para esse efeito, muito tem contribuído a vontade, influência, tenacidade e persistência de Manuel Lopes. Mas, para além da boa vontade e dos conhecimentos particulares do nosso Presidente e restantes membros dos seus Órgãos Sociais, que têm sido os grandes obreiros dos patrocínios mais significantes, importa que o clube desenvolva um esforço acrescido nesta área. É imperioso reafirmar e demonstrar perante os agentes económicos – locais, regionais e os de dimensão nacional – que a Marca Barreirense é jovem, mediática e vencedora. É necessário esclarecer e persuadir os empresários que pretendemos formular e concretizar parcerias sérias e credíveis, com visibilidade e retorno para ambas as partes.
O Basquetebol é, em minha opinião, a modalidade que nos próximos anos estará em melhores condições de exercer, neste particular, um papel mais dinâmico e consequente. Mas essa dinâmica só poderá ser efectiva se o clube tiver condições para continuar a participar na Liga Profissional. A experiência da temporada passada, com transmissões televisivas regulares da Liga USO, em sinal aberto ou por cabo, presenciadas por um número crescente de espectadores, poderá abrir novas perspectivas na angariação de apoios publicitários de dimensão mais relevante.
Por outro lado, tenho a convicção de que o Fórum Barreiro, com conclusão prevista para final de 2008, estará bem posicionado para ser um dos principais patrocinadores. Creio e desejo que a inteligência e o empenho da sua Administração permitirão entender que o FCB, enquanto grande referência da Cidade e da Região, constituirá, numa relação benefício-custo muito vantajosa, um magnífico veículo difusor desse importantíssimo pólo de dinamização comercial da Barreiro. Também a Quimiparque parece bem capacitada para prosseguir formas importantes de apoio e patrocínio iniciadas há alguns anos. Naturalmente que deverá continuar a desenvolver-se um grande esforço de captação dos pequenos apoios e patrocínios publicitários para ‘sponsorização’ das diversas equipas dos escalões de formação, que têm marcado uma presença permanente nos campeonatos nacionais e, no caso do basquetebol, participações muito regulares e vitoriosas em fases finais, particularmente na última década. Os projectos na área comunicacional, que atrás abordei, poderão também constituir-se como excelentes veículos promocionais para empresas de micro, pequena e média dimensão.
De forma justa, legítima e já tradicional, o Barreiro tem sido considerado uma cidade com um movimento associativo desportivo, recreativo e cultural de dimensão muito apreciável, quantitativa e qualitativamente. Mas, tal como noutras vertentes, também aqui o momento é de crise. Crise que nos percorre desde há já vários anos. Crise, traduzida na evidente dificuldade em perpetuar e renovar os recursos e as estruturas materiais e humanas das mais de 150 associações desportivas, recreativas e culturais que existem no Barreiro, e que curiosamente parece afectar com maior profundidade as mais antigas. Crise, em que a realidade de uma parte muito substancial dessas instituições revela uma progressiva diminuição da sua massa associativa, níveis decrescentes de participação cívica, Órgãos Sociais de constituição muito custosa, programas de acção cada vez mais limitados.
O FCB, para além da sua intervenção na área desportiva, primum movens da sua fundação e do seu percurso, pode e deve ter uma contribuição mais activa e substantiva na vida cultural. Recordo a propósito as duas Noites de Fado Barreirense (Junho de 2005 e Abril de 2006), a Noite de Jazz Barreirense (Maio de 2006) e a exposição comemorativa do cinquentenário do Ginásio-Sede do Barreirense (Maio/Junho de 2006). Foram quatro realizações que revelaram da parte da Direcção que tive a honra de integrar no biénio 2004-2006, uma determinação clara, embora incipiente, de mergulhar o clube no tecido social da cidade, inverter uma lógica ou uma motivação exclusivamente desportiva que me parece redutora da dimensão e riqueza humana da massa associativa do clube. O espaço da antiga Biblioteca, no 2º andar do Ginásio-Sede, poderia constituir-se, após inevitáveis obras de reabilitação, como um local privilegiado para colóquios, debates e conferências, sessões cinéfilas e de poesia, exposições de pintura e fotografia. O FCB tem massa crítica para intervir na área cultural. O Barreiro tem artistas e intelectuais de mérito. Então... aproximemos, ainda e cada vez mais, o Barreiro e os Barreirenses, ao clube da sua cidade – o FCB.

[Excerto do Capítulo VIII - Amanhã
Livro PROVA DeVIDA - Estórias e memórias do meu Barreirense]
(continua)