«... admito que uma coligação pós-eleitoral PSD-CDS/PP seria a solução politicamente mais consistente em termos de coesão e estabilidade governativa, numa perspectiva de um governo para uma legislatura.»
(excerto de post aqui publicado em 8 de Junho)
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A questão da estabilidade governativa não me é, de todo, secundária. Bem pelo contrário.
Receio que em Outubro próximo venha a ser difícil constituir um governo maioritário, assente numa plataforma de entendimento razoavelmente coerente e consistente.
Não me revejo politica nem ideologicamente numa solução que de alguma forma ressuscite, ainda que com novos matizes, a Aliança Democrática que se ergueu há 30 anos sob o impulso de Francisco Sá Carneiro, Diogo Freitas do Amaral e Gonçalo Ribeiro Teles.
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As palavras que redigi na ressaca eleitoral das "europeias" não pretenderam obviamente colocar-me numa qualquer perspectiva de apoio a essa eventual solução. Mas não escondo que a sua viabilidade me parece agora mais forte, passados que estão escassos dias.
Como seria de esperar, o PCP veio reafirmar posições já sobejamente conhecidas, ódios antigos, sectarismos bolorentos. E o Bloco de Esquerda, pela voz de Francisco Louçã, rapidamente esclareceu que se está a preparar para governar. Não sendo com o PS, como ficou bem claro na conversa com Ana Sá lopes ao diário i, não se percebe com quem será e muito menos quando será.
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A entrevista de hoje de Paulo Rangel ao DN, onde se aborda com simpatia uma coligação pós-eleitoral PSD-CDS/PP - embora com a reserva de ser uma posição individual do entrevistado (será apenas isso?) - vem de alguma forma "clarificar as águas".
E vem fazê-lo de uma forma que me parece muito importante. Porque o eleitorado saberá antecipadamente que, em caso de maioria parlamentar, os dois partidos do centro-direita estarão disponíveis e empenhados numa solução governativa para Portugal. E, também, porque poderá constituir-se como um importante factor decisório para um grupo de eleitores que não sei quantificar - mas que julgo muito expressivo -, que não tem qualquer ligação "sentimental" profunda com o PS ou o PSD, que já votou - e voltará a fazê-lo - em qualquer um destes dois partidos.
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A perspectiva de uma nova "Aliança Democrática" não deixará de constituir - juntando-se a tantas outras - mais uma dor de cabeça para o PS.
Como conseguirá José Sócrates enfrentar e afrontar aquela "ameaça"? Que estratégia será utilizada pela direcção do PS?
Julgo que será um combate muito difícil, de desfecho incerto. Tentarei explicar, mais tarde, porque o entendo assim.
Bom resto de domingo. E boa semana.
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