domingo, junho 21, 2009

Visto do alto da Torre



«Na Holanda, quando pelo Ajax, ganhava ao Feyenoord, davam-me os parabéns. Em Espanha, quando, no Barcelona, ganhava ao Real Madrid, diziam-me … obrigado!»
Declaração de Johan Cruyff, reproduzida por Luís Freitas Lobo na edição de ontem do semanário EXPRESSO

TORRE DA MARINHA
Faz hoje uma semana que aí se disputou a fase final do Campeonato Nacional de Basquetebol - escalão de sub-14 anos.
Presentes cinco equipas: FC Porto, Ginásio Clube Figueirense, Seixal FC, FC Barreirense e União Sportiva (representante da Região Autónoma dos Açores).
Ausente desta “Final a 6” a equipa da Madeira. Lamenta-se esta ausência. A falta de apoios financeiros para a deslocação ao continente privou um conjunto de jovens de um prémio certamente merecido e de uma experiência porventura inesquecível.
O Governo Regional da Madeira apoia o desporto profissional “madeirense” com verbas enormes, obscenas. Suporta gastos desmesurados com o futebol do Marítimo e do Nacional, mas também com outras equipas profissionais de futebol e de outras modalidades.
Compreende-se mal que num “oceano” financeiro tão vasto, a “gota de água” que representaria a deslocação ao concelho do Seixal do Clube Amigos do Basket tenha sido tão maltratada. Não dá votos, pois não? Não mergulha nos jogos de interesse político-partidários locais, pois não?
Parece que gente pouco recomendável dirige e protagoniza o desporto profissional madeirense. Alberto João Jardim não deve estar muito preocupado com isso. É gente “sua”. Tanto que ele gosta disso…

GINÁSIO FIGUEIRENSE
O vencedor.
Não é um clube muito presente nestas fases finais. Não tem um projecto formativo muito forte. Não assenta a sua equipa sénior profissional num número minimamente significativo de atletas oriundos da formação. E a “promessa” Bento Cardoso tarda em afirmar-se.
Desta vez teve um estratega de jogo preponderante - Pedro Marques. De muita qualidade. Individualista, mas desiquilibrador. E decisivo.
No banco, um líder. Luís Dionísio. Calmo, sereno e disciplinado. Como gosto de ver. Velha glória do clube, que após a Revolução de Abril veio de Moçambique para Portugal. Como tantos outros jogadores de eleição. Quem não recorda com saudade os nomes de Carlos Lisboa, Eustácio, Mário Albuquerque, Nelson Serra e Rui Pinheiro? Para só citar alguns. Eles acrescentaram inequívoca qualidade ao basquetebol “metropolitano”.

BARREIRENSE BASKET
Classificado em 3º lugar. Duas vitórias e igual número de derrotas, tal como o Seixal FC e o FC Porto.
Boa participação. Disseram-me que a equipa teve um percurso evolutivo magnífico desde o início da época. Disseram-me também que os seus responsáveis técnicos António Raminhos e Luís Oliveira ficaram particularmente orgulhosos com o trabalho desenvolvido e com a progressão individual e colectiva dos “seus meninos”.
Num balanço final à época, e relevando apenas os resultados desportivos, há que dizer que o Barreirense Basket esteve em muito bom plano: 6º lugar na Liga Portuguesa de Basquetebol e semi-finalista da Taça de Portugal - escalão sénior. Único clube presente nas quatro fases finais dos escalões masculinos de formação - campeão nacional de sub-20, 2º classificado em sub-18 e 3º classificado em sub-16 e sub-14. Parabéns! 

RICARDO SAMPAIO
Conheci-o com escassos dias de vida. Esteve internado no Serviço de Pediatria do Hospital Garcia de Orta. Acompanhei-o durante muitos anos em consulta.
Mais tarde soube que o Ricardo, já atleta de minibasket do FC Barreirense, residindo em Palmela e deslocando-se ao Barreiro expressamente para treinar, era filho de um dos irmãos Sampaio que eu vira jogar no velho Ginásio-Sede do FC Barreirense, em representação do Sport Algés e Dafundo, um histórico do basquetebol português.
Acontece que o Ricardo, estudando agora num colégio da capital, é ainda hoje atleta do FC Barreirense. Vi-o na fase final da Torre da Marinha. Estive com sua mãe, indefectível apoiante de um clube que lhe diz muito, nomeadamente pelo que tem representado para o crescimento cívico e desportivo de seu filho. É bonito, não é?

PAVILHÃO DA TORRE DA MARINHA
Localização contra-natura. Estrutura magnífica. Polivalente.
Já o conhecia, desde o momento em que organizei um dia de convívio lúdico e desportivo com crianças afectadas por spina bífida e que são acompanhadas no Núcleo de Spina Bífida do hospital onde exerço a minha actividade profissional desde o já longínquo ano de 1991.
Recordo que falei então com um dos responsáveis pelo pavilhão. Coloquei-lhe algumas questões mais técnico-financeiras. O meu interlocutor inquiriu-me do porquê do meu interesse. Respondi-lhe que o meu clube sonhava construir um pavilhão desportivo e que eu integraria uma comissão criada expressamente para esse efeito. Sabem para que aspecto me alertou muito em particular? Para os elevadíssimos custos de manutenção daquela obra de propriedade municipal mas com gestão partilhada com o Independente Futebol Clube Torreense. Para reflectir…

SOPRADOR
Um bom amigo designa os árbitros de basquetebol com este epíteto sempre que a sua prestação lhe merece reparos. Também ele exerceu actividade em tempos já distantes. Sabe do que fala.
Na Torre da Marinha, nem tudo correu bem com a arbitragem. Um dos “sopradores” chegou a ter gestos obscenos para a bancada onde se situavam adeptos do Seixal FC. Lamentável!
Outro, por sinal oriundo da nossa cidade, voltou a prejudicar o FC Barreirense. Como já observei tantas e tantas vezes. O Sr. João Veiga não gosta do FC Barreirense. Está no seu direito. Mas não tem o direito de nos prejudicar - recorrentemente. Parece estar bem relacionado no meio arbitral. Tanto melhor para ele. Tanto pior para o meu clube. Até quando?

DISCIPLINA
Sempre presente por parte dos atletas nos jogos que presenciei. São, quase sempre, a parte mais sã do fenómeno desportivo, sobretudo a este nível etário.
Já o mesmo não se pode dizer da atitude grosseira, insultuosa e provocadora de alguns pais. Vi algumas caras já conhecidas - por más razões - oriundas da outra margem do afluente do Tejo que nos banha. É pena. Não prestigia o desporto, não dignifica o emblema que assumem com tanta e tão perversa paixão. Problema deles. Mas também de todos nós…

[Texto publicado em Rostos Online, www.rostos.pt]
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