Sociologicamente falando - desculpem a presunção expressa por um simples licenciado em Medicina -, julgo que na população urbana - aquela que melhor julgo conhecer - o eleitorado PS está claramente distanciado do BE e, sobretudo, do PCP. De igual forma, diminuta me parece a possível idiossincrasia política entre os eleitores "centristas" e os socialistas, para lá - bem entendido seja - de valores fundamentais como o da Democracia e do Estado de Direito.
.No post "Governabilidade" de 8 de Junho, não considerei a possibilidade de uma coligação governamental PS-CDS/PP, a sair das próximas eleições legislativas. Experiência que já teve concretização no passado e que ainda hoje António Arnault relembrou com alguma nostalgia - pasmam-se? - que se justifica pela sua integração nesse elenco, onde implementou os fundamentos do actual Serviço Nacional de Saúde.
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O II Governo Constitucional de Portugal, cuja formação resultou de um acordo de incidência parlamentar entre o PS e o CDS, teve uma existência efémera. Tomou posse a 23 de Janeiro de 1978 e cessou funções a 29 de Agosto do mesmo ano.
..Recordo a sua composição:
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Primeiro-Ministro Mário Soares
Ministro Adjunto do Primeiro-Ministro António de Almeida Santos
Ministro da Defesa Nacional Mário Firmino Miguel
Ministro das Finanças e Plano Vítor Constâncio
Ministro da Justiça José Santos Pais
Ministro da Administração Interna Jaime Gama
Ministro dos Negócios Estrangeiros Victor Sá Machado
Ministro da Reforma Administrativa Rui Pena
Ministro da Agricultura e Pescas Luís Saias
Ministro da Indústria e Tecnologia Carlos Melancia
Ministro do Comércio e Turismo Basílio Horta
Ministro do Trabalho António Maldonado Gonelha
Ministro da Educação e Cultura Mário Sottomayor Cardia
Ministro dos Assuntos Sociais António Arnault
Ministro dos Transportes e Comunicações Manuel Ferreira Lima
Ministro da Habitação e Obras Públicas António Sousa Gomes
.Hum... que diferença na estatura política, intelectual e técnica com o actual Governo de José Sócrates.
.Adiante.
.Regressando às analogias entre eleitorados urbanos, creio que uma parte significativa do eleitor do centro (PSD) e da esquerda democrática (PS) - o não militante (!) - tem uma proximidade ideológica bem mais assertiva. O mesmo já não se passará entre os núcleos duros da respectiva militância.
.É esse primeiro grupo que oscila na sua opção entre eleições e que as decide em termos de partido maioritário. E que em situação de impasse - probabilidade cada vez mais óbvia - poderia conceder algum élan a uma solução de tipo "Bloco Central".
.Que servirá isto em Outubro-Novembro?
Não sei.
Com José Sócrates e Manuela Ferreira Leite candidatos a Primeiro-Ministro admito que muito pouco.
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