sexta-feira, outubro 24, 2008

Tão diferentes de nós


"É com orgulho que acrescentamos o nome de Barack Obama ao de Lincoln na lista de pessoas que apoiámos para Presidente dos Estados Unidos".
ccc
(Chicago Tribune, 17-10-2008)


Desde a sua fundação, há já 161 anos, que o prestigiado jornal não anunciava o apoio a um candidato democrata à Casa Branca. Fê-lo na passada sexta-feira. E, de acordo com o Público de hoje, a sua tomada de posição é neste momento coincidente com a maioria dos principais jornais nacionais e estaduais norte-americanos.
Esta tradição de apoio ou endorsement é distinta da portuguesa.
Lembram-se de qualquer declaração ou recomendação de voto dos nossos principais diários ou semanários aquando das disputas presidenciais Mário Soares-Freitas do Amaral ou Jorge Sampaio-Cavaco Silva?

Não é essa a nossa cultura jornalística. Muitas vezes opinativa e tendenciosa quando devia ser factualmente isenta. Outras vezes pouco frontal e corajosa, quando se requeria sincero comprometimento em vez de pretensa neutralidade.
Estamos - e não a simplifiquemos perversamente - perante uma questão muito interessante e pertinente do jornalismo contemporâneo. Mesmo quando ele revela manifesta dificuldade em lutar contra o peso crescente da internet e da televisão.
Por cá, em Portugal, eu continuaria a ler a Sábado se numa próxima disputa presidencial aquele semanário viesse a apoiar - vamos supor - um candidato conservador. Sendo eu, como sou, um crónico eleitor da esquerda democrática e socialista.