João Pereira Coutinho leva-nos todas as semanas ao Inferno, ao Purgatório e ao Paraíso, na sua interessantíssima crónica Divinas Comédias, publicada no Expresso.
O seu último texto levou todos os putativos plagiadores ao Purgatório.
Escreveu ele: “Nada tenho contra plágios. Desde que os plágios sejam criativos e, como diria Dryden sobre Jonson, possam construir novos mundos sobre velhos autores. T.S. Elliot, o maior poeta do século XX (opinião pessoal), provavelmente não existiria sem roubos a poetas menores, como o esquecido Madison Cawein”. Para mais adiante acrescentar: “Só os plágios preguiçosos me incomodam: a cópia pura e simples, sem nenhum esforço de criação ou continuidade. É como entrar na casa do autor, roubar-lhe as pratas − e nem sequer deixar uma gorjeta, uma palavra, um obrigado”.
Creio que já todos pensámos nesta pertinente questão. E julgo estar certo quando afirmo que o plágio se terá intensificado com a divulgação de conteúdos da mais diversa natureza através do espaço gigantesco e inesgotável da Net.
É hoje muito fácil fazer copy-paste. Mostrar serviço dessa forma “preguiçosa” e desonesta. E com ela brilhar − à custa de méritos alheios.
O plágio já foi responsável por trabalhos universitários ao nível pré e pós-graduado.
O plágio já proporcionou a publicação de novelas e romances de presumível originalidade e reconhecida grandiosidade.
O plágio já foi sustentáculo para textos de divulgação científica − em Portugal e por toda a parte.
É motivo para dizer: toda a seriedade é recomendável, toda a honestidade obrigatória.