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Há 16 anos que Miguel Pinto reside em Portugal.
Conheci o seu rosto há alguns meses, numa entrevista a Mário Crespo, no Jornal das 9 – SIC Notícias.
Acabara de ser publicado O ANO EM QUE DEVIA MORRER (Edição Sopa de Letras) – a sua primeira incursão na literatura. Romance autobiográfico que apenas recentemente adquiri e li – avidamente, quase que de um só fôlego.
Na crónica anterior desta série de textos UM LIVRO, DE QUANDO EM VEZ falei-vos de ESTAÇÃO DAS CHUVAS – um interessantíssimo livro de José Eduardo Agualusa.
Foi justamente este excelente escritor angolano que inscreveu algumas palavras na capa do livro que hoje seleccionei para todos vós. Disse ele: “Há escritores que reinventam a vida. Outras vezes é a vida que inventa o escritor. No caso de Miguel Pinto foi isso que aconteceu. A vida preparou-lhe um enredo. Este livro tinha de ser escrito. Exigia ser escrito”.
Como eu compreendo as palavras de Agualusa…
Carlos Dominguez [Miguel Pinto] aterrou em Abril de 1976 no Aeroporto de Belas - Luanda, procedente de Havana. Jovem médico, militante da União de Jovens Comunistas de Cuba, acreditava no Socialismo e na Revolução. E, ao abrigo da cooperação entre as autoridades do seu país e a nova nação africana, fora enviado para exercer a sua actividade de cirurgião.
A paixão por uma angolana “suspeita” fê-lo cair em desgraça entre a nomenclatura comunista. No regresso a Cuba suportou a despromoção profissional e o desterro para uma área montanhosa e periférica no extremo oriental da ilha e depois a prisão e a tortura – física e psicológica.
A competência profissional e uma bem conseguida “regeneração política” valeram-lhe o regresso a Havana e a ascensão à direcção do Serviço de Cirurgia e à docência num Hospital Universitário.
A rotura com o regime permanecia incólume. Na mesma dimensão da vontade de fugir e de conquistar a Liberdade.
Finalmente, a fuga – para Espanha. Definitiva. Abençoada.
O ANO EM QUE DEVIA MORRER é um livro essencial para a compreensão e a denúncia do regime ditatorial de Fidel Castro. Tal como CORAÇÃO FANTASMA de Cecília Samartin (Edições Quidnovi), também este ano publicado em Portugal e que, adquirido em simultâneo com a obra de Miguel Pinto, desfrutei logo imediatamente a seguir. Um livro admirável que igualmente reputo de leitura obrigatória.
[UM LIVRO DE QUANDO EM VEZ, www.rostos.pt]
Conheci o seu rosto há alguns meses, numa entrevista a Mário Crespo, no Jornal das 9 – SIC Notícias.
Acabara de ser publicado O ANO EM QUE DEVIA MORRER (Edição Sopa de Letras) – a sua primeira incursão na literatura. Romance autobiográfico que apenas recentemente adquiri e li – avidamente, quase que de um só fôlego.
Na crónica anterior desta série de textos UM LIVRO, DE QUANDO EM VEZ falei-vos de ESTAÇÃO DAS CHUVAS – um interessantíssimo livro de José Eduardo Agualusa.
Foi justamente este excelente escritor angolano que inscreveu algumas palavras na capa do livro que hoje seleccionei para todos vós. Disse ele: “Há escritores que reinventam a vida. Outras vezes é a vida que inventa o escritor. No caso de Miguel Pinto foi isso que aconteceu. A vida preparou-lhe um enredo. Este livro tinha de ser escrito. Exigia ser escrito”.
Como eu compreendo as palavras de Agualusa…
Carlos Dominguez [Miguel Pinto] aterrou em Abril de 1976 no Aeroporto de Belas - Luanda, procedente de Havana. Jovem médico, militante da União de Jovens Comunistas de Cuba, acreditava no Socialismo e na Revolução. E, ao abrigo da cooperação entre as autoridades do seu país e a nova nação africana, fora enviado para exercer a sua actividade de cirurgião.
A paixão por uma angolana “suspeita” fê-lo cair em desgraça entre a nomenclatura comunista. No regresso a Cuba suportou a despromoção profissional e o desterro para uma área montanhosa e periférica no extremo oriental da ilha e depois a prisão e a tortura – física e psicológica.
A competência profissional e uma bem conseguida “regeneração política” valeram-lhe o regresso a Havana e a ascensão à direcção do Serviço de Cirurgia e à docência num Hospital Universitário.
A rotura com o regime permanecia incólume. Na mesma dimensão da vontade de fugir e de conquistar a Liberdade.
Finalmente, a fuga – para Espanha. Definitiva. Abençoada.
O ANO EM QUE DEVIA MORRER é um livro essencial para a compreensão e a denúncia do regime ditatorial de Fidel Castro. Tal como CORAÇÃO FANTASMA de Cecília Samartin (Edições Quidnovi), também este ano publicado em Portugal e que, adquirido em simultâneo com a obra de Miguel Pinto, desfrutei logo imediatamente a seguir. Um livro admirável que igualmente reputo de leitura obrigatória.
[UM LIVRO DE QUANDO EM VEZ, www.rostos.pt]
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