domingo, outubro 26, 2008

Memória Barreirense (XIII)



Em uníssono

Apesar de uma participação meritória da equipa sénior na temporada 2004/2005, a Secção de Basquetebol estava atenta à necessidade de captar mais público, com um duplo objectivo:
- aumentar a receita dos jogos disputados no Pavilhão Luís de Carvalho
- incrementar o incentivo aos nossos atletas, factor catalisador de mais e mais vitórias.
O apoio da nossa equipa por uma claque, organizada e disciplinada, era uma necessidade sentida por muitos de nós. Na qualidade de Director para a área da comunicação, enviei em 1 de Novembro de 2005, a seguinte carta à Brigada Relote:

Exmos. Senhores:
A Secção de Basquetebol do FCB, decorrente das eleições de 21 de Julho de 2004, tem procurado cumprir com ambição, rigor e competência, um projecto para o basquetebol que enobreça o nosso querido clube e a Cidade do Barreiro. Na área da comunicação e dos eventos, cuja coordenação está a meu cargo, alguns passos positivos têm sido concretizados, mas muito caminho há ainda a percorrer.
A afluência de público ao Pavilhão Luís de Carvalho nos dois jogos até agora disputados para a Liga TMN, edição 2005/2006, tem sido significativamente interessante. Mas, ao contrário de outros momentos da nossa história, tem faltado o calor, a vibração, a exaltação clubista que apenas um movimento de adeptos (organizado e disciplinado) pode desencadear e implementar. Nesse sentido, gostaríamos de poder abordar convosco a possibilidade de articularmos este nosso desejo com a vossa disponibilidade, solicitando desde já a realização de uma reunião em data e local a combinar oportunamente.
Com os melhores cumprimentos,
Paulo Calhau
(Director da Secção de Basquetebol do FC Barreirense)


Os nossos propósitos não tiveram eco consequente. Aparentemente disponível numa primeira resposta telefónica, o seu líder Rui Barrenho veio depois anunciar algumas dificuldades internas e reservou para mais tarde uma resposta definitiva à nossa solicitação, atenção que não veio a ter para connosco.
Na carta atrás reproduzida, destaquei a importância de uma claque no apoio “organizado e disciplinado” à nossa equipa. Esta questão da disciplina e fair play nos espectáculos desportivos, ponto de honra para a Secção de Basquetebol, era uma condição indispensável para qualquer relacionamento formal com os membros da Brigada Relote.
Os tristes e lamentáveis acontecimentos verificados em Maio último no Palácio de Desportos e Congressos de Matosinhos, no sexto e penúltimo jogo da final do playoff de apuramento do campeão da Liga UZO 2006/2007, vieram mais uma vez demonstrar a necessidade de se repensar o enquadramento legal e operativo das claques nos recintos desportivos portugueses. Este é, ainda hoje, um dos problemas candentes do Desporto em Portugal, que urge discutir e resolver. Governos, Federações, Associações e Clubes não têm revelado atenção, preocupação e coerência suficientes. Mas que, por acção de Laurentino Dias, actual Secretário de Estado da Juventude e do Desporto, parece estar felizmente a mudar. Ainda que tardiamente…
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Galas do nosso contentamento

Encabecei a organização das Galas de Apresentação do Barreirense Basket – épocas de 2004/2005 e 2005/2006. Foram momentos muito especiais do meu percurso enquanto Director da Secção de Basquetebol. Porventura, os que me deixaram uma lembrança mais agradável desses dois anos. E que ainda hoje recordo com particular emoção.
As dificuldades logísticas inerentes à ambição dos eventos e às limitações do Ginásio-Sede para este tipo de realizações foram ultrapassadas com contributos valiosíssimos. Da Câmara Municipal do Barreiro, do Grupo de Teatro Arte Viva, de muitos Amigos que com grande empenhamento dedicaram horas e horas ao sucesso da sua concretização.
Sabe bem lembrar:
- o Ginásio-Sede apinhado de gente, transbordante de alegria, pletórico de luz e de som
- os momentos de peculiar frenesim dos nossos minibasquetebolistas, chamados nominalmente, tal como os mais velhos, ao recinto do Ginásio-Sede, emparelhando e convivendo com os ‘craques’
- o extraordinário ambiente de confraternização entre atletas, familiares, técnicos, seccionistas e dirigentes, treinadores, membros do corpo clínico, entidades políticas, empresariais e desportivas de âmbito local e nacional
- a apoteose na entrega das faixas aos campeões nacionais
- o reconhecimento dos atletas internacionais
- a homenagem a Francisco Barrenho (2004)
- a evocação de Edson Silva (2005)
- o regresso de Pop Corn e do Ri-có-có
As noites de 15 de Setembro de 2004 e de 1 de Outubro de 2005 foram belas, envolventes e mágicas, como escrevi na edição de Março de 2006 (Ano II, Nº 1) da Barreirense Basket:

Uma Noite Mágica
Barreiro, 1 de Outubro de 2005, 21 horas.
O Ginásio-Sede fervilha de alegria e boa disposição. A poucos instantes do início da Gala de Apresentação da Época 2005/2006, os nossos jovens atletas aguardam ansiosa e freneticamente pelo momento mágico da sua chamada individual e consequente entrada naquele mítico espaço desportivo. Os seus familiares e amigos ocupam os poucos lugares ainda disponíveis, num espaço construído há cinquenta anos (sabe bem recordá-lo... sempre!) pelo esforço desinteressado e anónimo de tantos homens e mulheres Barreirenses. Individualidades desportivas, empresariais, associativas e políticas, honram-nos com a sua presença, testemunho da importância que o Desporto, o Basquetebol e o Futebol Clube Barreirense desempenham na vida da Cidade e do Concelho do Barreiro.
É a noite da afirmação e reconhecimento da nossa pujança e vigor.
Os nossos jovens atletas, todo o staff dirigente, técnico, clínico, etc., são chamados nominalmente e com suporte de imagem. Vivem-se momentos de invulgar alegria, cor e fervor Barreirense. Os 8 atletas internacionais (António Pires, David Gomes, Edgar Mouco, João Betinho Gomes, João Santos, José Silva, Miguel Graça e Pedro Pereira) vêm a sua participação nas Selecções destacada e reconhecida de forma vibrante por todos os presentes. Os troféus regionais e nacionais obtidos na época anterior são entregues aos respectivos capitães por diversas individualidades, sob o aplauso emotivo e unânime da assistência. Os campeões nacionais das equipas de Cadetes e Juniores B e os vice-campeões nacionais de Juniores A são presenteados com faixas de invulgar bom gosto. Os parceiros e patrocinadores do Barreirense Basket, fundamentais para a sustentabilidade financeira da modalidade, são agraciados com uma placa evocativa. A equipa sénior, participante na 11ª edição da Liga Profissional é apresentada e desafiada a, mais uma vez, honrar e dignificar o imenso património histórico do FC Barreirense.
A tristeza percorre todos os presentes e as lágrimas são visíveis em muitos rostos quando, ao som de Pink Floyd (“wish you where here”), é feita a evocação da figura do Edson Silva.
A alegria regressa a uma só voz, quando todos os presentes cantam “uma esperança que não finda...” encerrando uma noite mágica do Barreirense Basket.
Até para o ano.
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Sons

As Galas de 2004 e 2005 não tiveram qualquer objectivo ou retorno financeiro. Mas a organização da 1ª Noite de Fados Barreirense (2 de Julho de 2005, Parque da Cidade) e da 2ª Noite de Fados Barreirense (8 de Abril de 2006, Ginásio-Sede) procurou a angariação de receitas para a Secção de Basquetebol.
Apesar dos apoios da Câmara Municipal do Barreiro e do patrocínio, em 2006, da Prolar Electrodomésticos, da participação em condições especiais dos fadistas Zé Manuel Barreto e José Guerreiro (2005 e 2006), Henriqueta Batista (2005) e Maria do Céu Correia (2005), o balanço financeiro das duas organizações saldou-se por um proveito muito diminuto. A presença em cada um dos espectáculos de cerca de cem espectadores, não foi suficiente para suplantar de forma minimamente consequente os grandes encargos organizativos (aluguer de som, remunerações a músicos, serviço de catering).
Foram duas noites magníficas. Apesar de me ter empenhado de forma muito intensa na organização de ambas, não pude estar presente na primeira, que foi efectivada com o valioso contributo de Maria do Rosário Pina, companheira de Direcção.

No segundo ano de mandato directivo fui também responsável pela organização da Noite de Jazz Barreirense que decorreu a 6 de Maio de 2006 no Auditório Municipal Augusto Cabrita.
A participação graciosa do Quarteto de Alunos da Escola de Jazz do Barreiro, a disponibilidade do meu amigo Jorge Moniz, seu actual director pedagógico, e o patrocínio de Prolar Electrodomésticos, foram fundamentais para o sucesso financeiro do evento.
Os músicos Filipe Sequeira (bateria), Francisco Andrade (sax tenor), José Canha (contrabaixo) e Valter Rolo (piano) – que poucos dias antes haviam recebido o Prémio Reconhecimento na 4ª Festa do Jazz, realizada no Teatro de S. Luís em Lisboa – receberam o aplauso caloroso das 140 pessoas que presenciaram o espectáculo.
O apoio da Câmara Municipal fora, mais uma vez inexcedível, de vontade e competência. E desde a primeira hora.

Cara Regina Janeiro [Vereadora com os pelouros do Desporto e Cultura]:
Na sequência do contacto prévio que estabelecemos, venho desta forma agradecer à Câmara Municipal do Barreiro (CMB) a disponibilização do Auditório Municipal Augusto Cabrita (AMAC) para a realização da 1ª Noite de Jazz Barreirense, organização da Secção de Basquetebol do FC Barreirense.
O espectáculo terá lugar pelas 22 horas do dia 06 de Maio de 2006.
Pretendemos, com a ajuda já reafirmada da Escola de Jazz do Barreiro, realizar um espectáculo de qualidade, de acordo com os objectivos e a filosofia de programação cultural e lúdica do AMAC.
A colaboração da CMB será, mais uma vez, de enorme importância e alcance para o êxito do evento, cuja receita financeira poderá ser uma preciosa ajuda para o nosso equilíbrio orçamental.
Já efectuei alguns contactos preliminares com o Dr. Paulo Pereira e a Dra. Ana Rocha (AMAC) e tenho previsto para os próximos dias uma primeira reunião de trabalho.
Solicitamos a ajuda da CMB nos seguintes domínios:
- Auditório Municipal Augusto Cabrita
- Promoção e Divulgação: concepção gráfica e impressão de cartazes, impressão de foilers, disponibilização de formas e espaços tradicionais de informação e divulgação aos munícipes.
Creia que não nos temos poupado a esforços para manter de pé o projecto Barreirense Basket, um histórico do Desporto Português, e cuja importância social, educativa, cultural e desportiva desejamos continuar a servir e honrar.
Sem outro assunto de momento e com os melhores cumprimentos,
Paulo Calhau
Director da Secção de Basquetebol do FC Barreirense
Barreiro, 27 de Janeiro de 2006


No palco do AMAC, simples e discreto, destacava-se um belíssimo capaline, concebido graficamente pelo meu filho. Que nos dois anos de mandato, me apoiou… tanto e tão bem!

[Excerto do Capítulo II - Servir
Livro PROVA DeVIDA - Estórias e memórias do meu Barreirense]
(continua)