quarta-feira, outubro 22, 2008

Memória Barreirense (XI)



Chegar a todos

Na temporada de 2005/2006 procurei – com manifesto sucesso em algumas ocasiões – uma organização mais cuidada dos jogos disputados no Pavilhão Luís de Carvalho, através da realização de acções de entretenimento, complementares à disputa basquetebolística. Foi assim possível assistir, nos intervalos regulamentares, a agradáveis demonstrações de ténis de mesa, danças de salão, torneios de lançamentos por jovens da formação, jogos entre os minibasquetebolistas, etc.
No sentido de dinamizar a presença de mais público nos desafios disputados no Barreiro, enviei regularmente por correio electrónico uma newsletter de divulgação dos jogos da equipa sénior. Apelei à presença de um número crescente de adeptos e ao apoio mais caloroso aos nossos atletas. Transcrevo na íntegra um desses textos, enviado a larguíssimas dezenas de Barreirenses.

Do frio Islandês para o calor Barreirense
Caro(a) Amigo(a):
Domingo, 11 de Dezembro, pelas 18 horas, o Barreirense recebe o CAB Madeira, em partida relativa à 9ª jornada da fase regular da Liga TMN de Basquetebol, edição 2005/2006.
O CAB Madeira deu na passada quinta-feira, e todos nos congratulamos por essa vitória, um passo de gigante para garantir a passagem aos quartos de final da FIBA EuroCup Challenge, após derrotar o Keflvik por 87-108. Regressada do frio da bucólica e bela Islândia, a forte equipa madeirense prepara-se para enfrentar o calor, a vibração e o desportivismo da enorme massa adepta Barreirense, que deverá comparecer em grande número no Pavilhão Luís de Carvalho para apoiar e incentivar a sua jovem equipa.
A vitória do Barreirense será decisiva para as suas aspirações competitivas.
Contamos com a sua presença. Traga um amigo!
Toda a Esperança é legítima. Força Barreirense!
Paulo Calhau
(Director da Secção de Basquetebol do FC Barreirense)
PS: reenvie esta mensagem a todos os que julgue solidários e empenhados na nossa luta e ambição de ter um Barreirense Basket cada vez mais forte.

Mas a divulgação da participação da nossa equipa sénior na Liga TMN, estendia-se igualmente aos jogos a realizar fora do Barreiro, como se documenta no seguinte texto, publicado a 18 de Janeiro de 2005:

Do lado de cá do Atlântico … olhando para Angra do Heroísmo
Sábado, 21 de Janeiro, pelas 21 horas locais (22 horas no continente) a jovem equipa sénior de basquetebol do FC Barreirense defronta a Lusitânia Angra Património Mundial, no Pavilhão Municipal de Angra do Heroísmo, em partida relativa à 14ª jornada da Liga TMN, edição 2005/2006.
A comitiva Barreirense, que parte do Aeroporto da Portela pelas 8 horas, rumo à Ilha Terceira, apresta-se para disputar um jogo de capital importância, uma vez que em caso de vitória por mais de quatro pontos, ultrapassará a equipa adversária na tabela classificativa, rectificando a derrota caseira da primeira volta (78-82, em 29 de Outubro de 2005) e colocando-se em posição de apuramento para o playoff de atribuição do título nacional.
O FC Barreirense tem revelado esta época uma clara melhoria da capacidade defensiva, ocupando actualmente o 5º lugar no ranking de pontos sofridos (76.0 pontos/jogo, apenas mais 2.4 pontos/jogo que a Ovarense, líder desse item e também da classificação geral). Se a produção ofensiva da equipa manifestar melhores índices de eficácia, nomeadamente através da subida de produção de alguns dos seus atletas com superior potencial de lançamento, poderemos aspirar de forma mais concreta, à obtenção de um lugar nos oito primeiros da fase regular, que se concluirá em 8 de Abril.
Os orçamentos não fazem equipas campeãs. O Trabalho, a Coesão, a Disciplina e a Ambição, são as nossas armas.
Amanhã, serão certamente poucos os adeptos do Barreirense Basket presentes in loco para apoiar a equipa do seu coração, mas muitos os que através de
www.lcb.pt poderão acompanhar as incidências do Lusitânia-Barreirense.
A crónica do jogo será oportunamente publicada, como vem sendo habitual, no site oficial do Barreirense Basket,
www.fcbarreirense.pt.
Toda a Esperança é legítima. Força Barreirense!
Paulo Calhau
(Director da Secção de Basquetebol do FC Barreirense)


Quase jornalista

Para além da responsabilidade de direcção do site e da Barreirense Basket percebi a certo momento que era obrigatório alargar a nossa rede de influência comunicacional. José Seixo, que durante vários anos colaborou na página de basquetebol do Jornal do Barreiro – onde teve apreciável desempenho na divulgação da modalidade –, abandonara essa actividade em 2004. Era importante que o basquetebol Barreirense continuasse a ser divulgado. Para além do envio de textos de difusão das actividades do basquetebol do FCB para Rostos online e para a rádio Popular FM, passei a enviar semanalmente para o Jornal do Barreiro, a minha apreciação dos jogos da equipa sénior. Constituiu uma experiência interessante que, nos moldes em que foi realizada, não me pareceu susceptível de melindre na esfera ética, ou de incompatibilidade com a minha responsabilidade directiva no clube.
O texto seguinte, de que se reproduz um excerto alargado do original, publicado no Jornal do Barreiro de 3 de Fevereiro de 2006, é o exemplo dos vários que produzi, e foi relativo a uma tarde com espectáculo, emoção e… neve.

Exibição esplendorosa em tarde de neve
A derrota na passada semana em Angra do Heroísmo, ingrata e cruel, depois de uma superioridade pontual permanente até à entrada para o último minuto de jogo, não afectou a jovem equipa Barreirense que se apresentou para este importante clássico do basquetebol português, com muita concentração, determinação e confiança.
Mantendo uma boa prestação defensiva, já revelada na maior parte dos jogos até agora disputados nesta edição da Liga TMN, o Barreirense foi, finalmente, mais consequente e eficaz nas manobras atacantes, com uma prestação individual e colectiva dos seus atletas mais consentânea com a sua real qualidade.
Começando muito bem a partida, o Barreirense distanciou-se rapidamente no marcador, realizando um primeiro período de grande fulgor, com boas percentagens de lançamento de campo (53%) e de lance livre (78%), eficácia plena no contra-ataque e, destaque-se pela excelência, um valor nulo de perdas de bola. O segundo período confirmou o acerto da equipa local, perante um Benfica algo atordoado, permissivo na defesa e incapaz de ultrapassar as dificuldades criadas pela boa atitude e estratégia defensiva do adversário. Partindo para o intervalo com uma vantagem de 19 pontos, o Barreirense ganhou confiança, acreditou na vitória, evidenciou enorme espírito colectivo e talento de algumas das suas individualidades, que aqui e ali abrilhantaram o espectáculo com momentos de invulgar beleza, magia e sedução. Com 24 de pontos de vantagem no final do terceiro período, o Barreirense revelou até final muita tranquilidade, concentração e maturidade, apesar da manifesta e singular juventude do seu plantel, conseguindo manter sempre o Benfica a uma confortável distância pontual, traduzida no final num inesperado mas justíssimo diferencial de 17 pontos.
O Barreirense repetiu a vitória que alcançara na primeira volta e que determinara então a substituição técnica na formação lisboeta, com a saída de Norberto Alves e a contratação de Carlos Lisboa. Tendo finalmente um número alargado de atletas em elevado nível de rendimento, o Barreirense mostrou claramente que pode disputar a vitória em qualquer palco e perante qualquer adversário.
A transmissão televisiva (a primeira com a participação do Barreirense em 15 jornadas!) revelou ao país que o projecto do Barreirense Basket, alicerçado num trabalho de formação de boa qualidade (7 dos 11 atletas presentes são oriundos dos escalões de formação), é porventura, num contexto de crise económica como a actual, um dos mais capazes de se consolidar e afirmar em Portugal.
Ficha de Jogo: Pavilhão Municipal Luís de Carvalho, 29 de Janeiro de 2006.
Barreirense: Luís Machado (7), Kantrail Horton (17), Jakim Donaldson (17), Slimene Radhouene (27), João Betinho Gomes (15), Miguel Graça (4), António Pires (4), Ângelo Brito (0), David Gomes (3), João Santos (5), Ricardo Gomes (0). Treinador: Mário Gomes.
Benfica: Curtis McCants (8), Ricardo Powell (19), Terrence Leather (11), Mekeli Wesley (14), Rui Mota (7), António Tavares (7), David Lucas (16), Miguel Leite (0), Tiago Freixo (nj), Nuno Sousa (nj), Bá Mustafa (nj), Marco Gonçalves (0). Treinador: Carlos Lisboa.
Árbitros: Luís Lopes, Carlos Santos e Pedro Costa.
Evolução do resultado: 1º Período: 25-13; 2º Período: 24-17 (1ª Parte: 49-30); 3º Período: 26-21; 4º Período: 24-31 (2ª Parte: 50-52); Resultado Final: 99-82.
MVP: Slimene Radhouene. (…)
Em declarações à Comunicação Social, o técnico benfiquista destacou a justiça da vitória da equipa local que, em sua opinião, revelou mais querer e atitude ao longo de toda a partida. Carlos Lisboa lamentou a prestação defensiva da sua equipa, mas reafirmou optimismo em relação ao futuro e concluiu que “perder não é bom, mas é com as derrotas que se aprende”. Mário Gomes, técnico vencedor, realçou que para além da qualidade defensiva da equipa, já evidenciada ao longo deste campeonato, o ataque foi finalmente mais fluido, com a contribuição de um maior número de atletas no potencial ofensivo e concretizador da sua equipa. Mário Gomes lamentou a lesão de Ângelo Brito e enalteceu a atitude do internacional tunisino Slimene Radhouene, que apesar dos graves problemas familiares que o perseguem, demonstrou mais uma vez ser um atleta de elevada craveira técnica e disponibilidade para o colectivo. O técnico Barreirense congratulou-se pela homenagem prestada a Mike Plowden, atleta que orientou vários anos no Benfica, enquanto membro da equipa técnica então dirigida por Mário Palma. (…)
Na 16ª jornada da Liga TMN, o Barreirense desloca-se a Aveiro onde, pelas 16 horas do dia 11 de Fevereiro, defrontará o Aveiro Basket, em mais uma partida cuja vitória é o único resultado que permitirá manter a equipa ‘alvi-rubra’ na luta por um lugar no playoff de atribuição do título nacional. A Secção de Basquetebol está desde já a preparar as condições para que uma grande massa de adeptos possa acompanhar a nossa equipa à Cidade do Vouga.


[Excerto do Capítulo II - Servir
Livro PROVA DeVIDA - Estórias e memórias do meu Barreirense]
(continua)