sábado, novembro 01, 2008

1973 - 1984 - 2008



Pouco passava das 18 horas quando entrei no “15”, naquela tarde de 11 de Setembro de 1973. A meu lado, no eléctrico que me traria de volta ao Terreiro do Paço, um anódino cidadão empunhava o República. Cabeçalho a preto, como de resto todo o texto da primeira página. Salvador Allende morrera. E, com ele, a Revolução Democrática no Chile.
Nesse ano, em Agosto e Setembro, passados que tinham sido trinta dias de férias em Monte Gordo, tive a minha primeira experiência profissional. Nos escritórios da CUF. Na “24 de Julho”. Foram dois meses muito importantes na minha vida – então adolescente de 16 anos.
O Sr. Cardoso – como respeitosamente o fui tratando – era um escriturário de 2ª categoria. Estava à minha esquerda, com a secretária bem próxima da minha. Não era homem de muitas falas. Mas com ele dialoguei regularmente. E também com ele aprendi. Morava ali perto, em Alcântara. Era adepto do Atlético. Dos nossos dois pequenos - grandes clubes falámos. Muitas vezes.

É curioso como Atlético e Barreirense têm tanto em comum. Futebol e Basquetebol como modalidades históricas. Múltiplas passagens pela divisão máxima do futebol nacional. Presença em divisões menores nos últimos anos.
Quando em Abril último conheci a Ana Sá Lopes – editora de política nacional do Diário de Notícias – a propósito da reportagem que fez no Barreiro, reflectimos acerca de um aspecto que me pareceu curioso e que a interessou. O Atlético sofreu dolorosamente com a construção da Ponte 25 de Abril (então Ponte Salazar). O Barreirense pagou caro – como de resto todo o Barreiro – a desindustrialização verificada nas últimas décadas, nomeadamente a partir da desactivação de diversos equipamentos da CUF.
No ano passado conheci outro adepto do Atlético. Responsável pelo arquivo de A Bola, o Sr. Sisto, que me foi apresentado por Vítor Farinha – filho do grande jornalista Alfredo Farinha –, foi de enorme dedicação e gentileza para comigo, nas pesquisas que efectuei durante a preparação de PROVA DEVIDA. Foi muito interessante a forma como também então um Barreirense e um “Atlético” confraternizaram e se solidarizaram.

Há 24 anos que não entrava no Pavilhão do Atlético Clube de Portugal.
Em 1984, depois de uma primeira volta disputada em Aveiro, o Barreirense tinha ainda legítimas esperanças de alcançar o título nacional de basquetebol. Foi com essa expectativa que de 2 a 4 de Março – cerca de três meses antes da elevação do Barreiro à categoria de Cidade, em 28 de Julho – me desloquei ao Pavilhão da Tapadinha, em Alcântara. Voltámos a vacilar, como na primeira volta, apenas diante do Queluz, justo vencedor de uma Final Four em que fiquei com a sensação de que poderíamos ter ido mais além. E, fomos – pelo terceiro ano consecutivo – vice-campeões nacionais.
Regressei hoje à Tapadinha. Para o Atlético-Barreirense da Liga Portuguesa de Basquetebol. O resultado foi, desta vez, menos importante que as outras recordações. Mas querem saber? O meu Barreirense venceu por 102-57.