domingo, novembro 09, 2008

Vamos conseguir!


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“Eu e mais sete colegas, todos vidraceiros, propusemo-nos auxiliar-vos na colocação de todos os vidros do vosso Ginásio-Sede, se acaso esse trabalho não está começado ou concluído.
Seríamos sete homens, a quem os senhores nada teriam que pagar e nós sentiríamos grande prazer em podermos deste modo ser úteis à vossa obra e em prol do Desporto”.
(carta assinada por José Jesus Duarte [Lisboa], em representação de sete desconhecidos entusiastas do Futebol Clube Barreirense (FCB), publicada na secção de Alfredo Zarcos “Coisas da Nossa Terra” (JORNAL DO BARREIRO, 27 de Dezembro de 1951).

Se a história da construção do Ginásio-Sede, inaugurado em 20 de Maio de 1956, passa inevitavelmente pela referência a António Balseiro Fragata, é obrigatória a exortação de todos os Barreirenses que contribuíram para a sua edificação, com trabalho generoso, gratuito, empenhado e competente. E, também de populares anónimos, alguns dos quais não residentes no Barreiro, como se conclui deste exemplo espantoso que supracitei.

Na edição de 24 de Maio de 1956, igualmente com a assinatura de Alfredo Zarcos assinatura, pôde ler-se no JORNAL DO BARREIRO: “ Ao cabo de quase sete anos da mais canseirosa, da mais esforçada, da mais heróica cruzada, de tantas que o Barreiro é rico de exemplos, inaugurou-se o maravilhoso Ginásio-Sede do Futebol Clube Barreirense, lar imenso do popular e prestigiado clube da nossa terra (...). Agora tudo é já realidade, facto consumado. Certeza também o era há muito, desde o dia em que os primeiros esforços das gentes Barreirenses abriram, largas e profundas, as fundações de onde começaram surgindo para a luz das grandes realizações, as paredes poderosas desse sonhado lar, tão fortes, tão resistentes, como a vontade rubra que dominava os seus obreiros (...). Está em festa o Barreirense!”

Em Maio de 2006 citei este fragmento do saudoso jornalista camarro, num texto que António Sousa Pereira me solicitou para publicação no ROSTOS, nas vésperas da comemoração do cinquentenário do Ginásio-Sede. Fi-lo também, mais tarde, no meu livro PROVA DEVIDA. Repeti-o hoje, não sem uma ponta de emoção e muita alegria.

Escrevi então: “... a sua enorme riqueza e singularidade resultou, para além do contributo gracioso do autor do projecto (Manuel Nunes Machado) e dos técnicos responsáveis (Luís Raimundo dos Santos, João da Luz, Luís Alberto Figueiredo do Vale, Leonardo de Carvalho, Luís Carvalho da Costa e Jorge Feio), do trabalho voluntário de centenas de Barreirenses que, em horário pós-laboral e aos fins-de-semana, ergueram o edifício com um empenhamento, dedicação, zelo e competência inigualáveis. A cedência de materiais de construção, de invulgar qualidade e bom gosto, viabilizou e deu excelência à primeira obra do género em Portugal. A realização de espectáculos, sorteios (automóvel, vivenda, etc.) e concursos, o recurso a cotizações e donativos de sócios e simpatizantes, constituíram também formas criativas e generosas de um imprescindível suporte financeiro à construção do Ginásio-Sede”.

Meio século depois, quase tudo mudou na nossa sociedade.
É hoje impensável viver-se uma experiência semelhante – ou sequer aproximada – aquela que marcou a história passada do meu clube.
Bem o sei.
Bem o sabemos...

Em 7 de Janeiro de 2007, expressei nos seguintes termos no FÓRUM BASKET-PT [fórum de discussão de basquetebol] a necessidade de o FCB construir o seu Pavilhão.
“Caros ‘foristas’ Barreirenses:
O Barreirense precisa de erguer o seu Pavilhão!
Dirão alguns que esta não é uma questão temporalmente decisiva para o projecto do Barreirense Basket. Mas é, em minha opinião, uma necessidade estratégica.
Limitada ao velho, mítico e glorioso Ginásio-Sede, toda a Formação do Barreirense Basket está hoje manifestamente constrangida por limitações físicas que estrangulam o seu crescimento e prejudicam de forma objectiva a sua vertente qualitativa. O basquetebol sénior, atirado para as margens geográficas do Concelho do Barreiro, tem saído claramente prejudicado, pela dificuldade de atrair os seus adeptos (fundamentais na trajectória vitoriosa de outrora) e gerir de forma autónoma e independente o seu espaço publicitário.
O Barreirense Basket necessita de se recentrar no espaço geográfico da cidade, para consolidar a sua massa adepta e captar novos apoios (humanos, mas não só...). O Pavilhão da Verderena, moderno e funcional, com bancadas (totalmente amovíveis) para cerca de 1.000 espectadores e capacidade de utilização simultânea para três equipas, é um projecto, a meu ver, viável e realista.
Manuel Lopes, actual Presidente de Direcção, aquando das Assembleias-Gerais de que resultou a alienação de património do Barreirense (Campo D. Manuel de Mello e parcela da Verderena), assumiu o projecto de construção de um Pavilhão na Verderena. Acredito na sua palavra, mas também sei, de experiência feita, que prometer não é concretizar e que da ilusão à realidade dista, às vezes, um espaço imenso e quiçá intransponível.
Não podemos deixar cair a ideia e o projecto!
Estou disponível para essa batalha, porque acredito na importância que o Barreirense tem na vida associativa e desportiva do Barreiro, e no papel singular que o Basquetebol assume como factor de formação e educação (cívica e desportiva) de sucessivas gerações de Barreirenses”.

Já este ano, no PROVA DEVIDA [publicado em Março 2008] escrevi:
“Em 2000, reformulado o projecto inicial da Câmara Municipal do Barreiro e acelerada a conclusão das obras, o Pavilhão Municipal da Luís de Carvalho, passou a ser a sede do basquetebol profissional do FCB – e também, do GDESSA e do Galitos FC. Distante do centro urbano do Barreiro e situado em local particularmente problemático, o Pavilhão Luís de Carvalho tem estado, apesar dessas contingências, ao serviço do FCB, neste importante período de reafirmação do seu basquetebol profissional.
Mas os problemas supracitados, acrescidos da limitação de espaço do Ginásio-Sede, e a dispersão dos locais de treino das equipas de formação com constrangimentos geográficos e temporais diversos, tornaram premente a necessidade de um novo espaço – moderno, funcional, com uma adequada e desejável centralidade urbana”.

Estes dois últimos textos demonstram que não é de hoje a minha convicção de que o FCB necessita de construir o seu Pavilhão. E revelam a minha disponibilidade para lutar pela sua concretização.
Por isso integro a COMISSÃO PRÓ-PAVILHAO DO FUTEBOL CLUBE BARREIRENSE, constituída e legitimada na Assembleia-Geral Extraordinária de 30 de Setembro de 2008. Comissão que tem a seguinte composição: Presidente: Carlos Augusto Martins Correia Pires (sócio nº 698). Vogais: José Manuel de Almeida Fernandes (sócio nº 4280), José Paulo Alves Pinheiro Calhau (sócio nº 315), José Paulo Marques Rodrigues (sócio nº 2194), Luís Fernando Parreira Chucha (sócio nº 1898), Manuel António Barroso dos Santos Lourenço (sócio nº 1142), Paulo Manuel Almeida Pedroso Silvestre (sócio nº 2842, em representação da Direcção do Clube).

Como se pode ler num texto programático preliminar:
“A Comissão terá como missão contribuir para reunir as condições necessárias, projectar e assegurar os trabalhos de coordenação para a construção de um novo Pavilhão de carácter polivalente para o FCB.
A Comissão terá como fins específicos: a) criar as condições económico-financeiras para dotar o FCB de um novo Pavilhão Desportivo, mediante o desenvolvimento de actividades que permitam a captação de fundos suficientes para o efeito; b) promover a construção do Pavilhão, prestando informação regular à Assembleia-Geral do FCB.
A Comissão terá total autonomia na gestão do seu património e orçamento, com o respeito integral pelas regras e limitações dos Estatutos do FCB, das deliberações da Assembleia-Geral do FCB e do Regulamento da Comissão (aprovado na Assembleia-Geral Extraordinária de 30 de Setembro de 2008).
A Comissão mobilizará todos os Associados e Adeptos do FCB para uma participação activa e criativa nas diversas fases de desenvolvimento do projecto e construção do Pavilhão.
A Comissão zelará pela atribuição integral por parte da Direcção do FCB da dotação orçamental inicial aprovada na Assembleia-Geral Extraordinária de 30 de Setembro de 2008.
A Comissão promoverá a participação de entidades públicas e privadas na viabilização económico-financeira da construção do Pavilhão.
A Comissão terá como objectivo relevante apontar soluções para a auto-sustentabilidade do Pavilhão.
A Comissão tem consciência das dificuldades económicas e financeiras que o País, o Barreiro e o FCB atravessam.
Mas acredita na capacidade de concretização deste novo equipamento, imprescindível para a prática desportiva, em melhores condições, de um número alargado de atletas do FCB.
As dificuldades serão enormes. Mas a esperança é imensa!
O sonho − sucessivamente adiado − é agora passível de concretização.
O Barreirense vai erguer o seu Pavilhão!”.

Somos sete Barreirenses empenhados num projecto sério, criativo, moderno, adequado às necessidades do FCB.
Somos uma equipa plural - nas suas experiências e motivações pessoais, profissionais, religiosas, políticas e ideológicas.
Temos um percurso profissional consolidado.
Não buscamos protagonismo – de qualquer espécie.
Queremos servir o Desporto, o FCB e o Barreiro.
Não conhecemos ainda o local de implantação, a sua dimensão, o horizonte temporal para a sua concretização.
Sabemos que as dificuldades que nos espreitam serão imensas. Agora agravadas por uma crise económica e financeira internacional que poderá repercutir-se muito negativamente e comprometer o financiamento do nosso desígnio.
Mas vamos à luta. Com realismo. Com tenacidade. Com fervor... Barreirense!

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[DESPORTO À PORTUGUESA, http://www.rostos.pt/]