quinta-feira, novembro 27, 2008

Reflexão e acção


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Confesso que não sei para que servem os gabinetes de estudo dos partidos políticos. E, embora, vendo-os do lado de fora, interrogo-me acerca da sua verdadeira utilidade.
Quando na oposição, parece ser uma preocupação de cada um deles potenciar a reflexão interna das políticas globais e sectoriais que virão (viriam) a aplicar em caso de triunfo eleitoral e de assumpção de responsabilidades governativas.
Mas, logo que chegados ao poder, as políticas implementadas parecem resultar mais da individualidade ministerial escolhida para cada área do que do “trabalho de casa” entretanto efectuado.
Os exemplos das políticas de saúde e de educação dos diversos ministros socialistas e social-democratas parecem-me paradigmáticos deste meu registo.

António José Seguro e Pedro Passos Coelho são apontados como candidatos à sucessão de José Sócrates e de Manuela Ferreira Leite. Hipóteses que as tendências pré-eleitorais ou os resultados pós-eleitorais poderão vir a tornar mais ou menos plausíveis.
Será que estas duas personalidades –­ curiosamente ex-lideres das organizações de juventude dos respectivos partidos ­– estão neste momento a amadurecer conceitos, a estudar dossiers e a planear estratégias governativas futuras?
Ou ­– talvez pré-candidatos à liderança do PS e do PSD – estão mais preocupados com a delimitação de espaços de influência, em incursões nos aparelhos partidários, em apostas na "rota da carne assada", em avanços ou recuos mais ou menos "tacticistas" na abordagem pública dos factos políticos que se vão sucedendo?

Portugal precisa de líderes políticos carismáticos – com um estilo de comunicação directo e claro – mas não pode dispensar, ou melhor dito, exige que se apresentem à opinião pública e ao eleitorado com uma perspectiva reflectida, séria, fundamentada, criativa e responsável do país que ambicionam dirigir.
Serão António José Seguro e Pedro Passos Coelho as personagens mais bem colocadas para a repetidamente prometida e sucessivamente adiada renovação da política em Portugal?
Talvez não falte muito para o sabermos.